O Rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaiana, da união dos rios Paraibuna e Paraitinga, no Estado de São Paulo, e em seus 1.120 km de extensão, corta três estados e abastece 184 municípios, 37 deles dentro dos 500 km de extensão que cortam o Estado do Rio de Janeiro.
Somente em Campos, a maior cidade do interior do Estado, a concessionária responsável pelo abastecimento, Águas do Paraíba, estima que sejam aproximadamente 400 mil pessoas atendidas com um consumo diário individual em torno de 120 litros de água. Ainda segundo a concessionária, com o uso consciente da água esse consumo per capta ficaria em cerca de 80 litros diários.
O uso irracional da água, como se fosse um recurso natural renovável, aliado aos casos conhecidos e não conhecidos de poluição do Rio e à longa estiagem enfrentada nos últimos anos têm transformado a paisagem do Paraíba. Hoje, em toda sua extensão é possível ver bancos de areia e áreas completamente secas às margens. Na altura da Comunidade do Matadouro, onde o rio contorna uma ilha, o braço que passa à direita já está praticamente seco. Já na Ilha do Cunha, é possível andar por cerca de 200m pelo leito do rio até chegar ao curso d'água.
Um dos setores mais afetados com a intervenção no Paraíba seja ela natural, ou causada pelo homem é o da pesca artesanal. Em entrevista ao Site Ururau, Paulo Soares, que a cerca de 15 anos vive essencialmente da pesca disse que a seca aliada a poluição têm tornado impossível a sobrevivência através da atividade.
“Há seis anos que a gente vem percebendo que o rio não tem mais peixe. Isso tudo por conta da poluição. E o que mais deixa a gente indignado é que a gente não vê ninguém ser punido. Se você subir esse rio, você vai ver em Muriaé, um Matadouro jogando os dejetos sem tratamento direto no rio. E ninguém faz nada. Agora vem a seca e fica tudo pior, por que já não tem peixe e agora também a dificuldade de navegação”, denunciou e lamentou o pescador.
Paulo contou que em dias e condições normais de navegação em cerca de três horas de atividade era possível pegar até 60kg de pescado. No dia da reportagem, no entanto, o pescador tinha chegado para a pesca por volta das 07h e ao meio dia tinha conseguido pouco mais de dois quilos de peixe.
De acordo com o Secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, nesta quarta-feira (01), começou a chover em alguns pontos do estado do Rio, o que deve melhorar a situação, mas ainda estamos longe de uma situação confortável.
“Nosso trabalho é mais de conscientizar a população para que economize água para evitar uma situação de racionamento, por que não há o que fazer. Tem previsão de chuva para São Paulo e Minas, mas antes de melhorar a situação aqui vai ter que normalizar o nível dos reservatórios, então ainda vai demorar”, alertou o secretário que disse ainda que as medições do nível do Paraíba estão sendo feitas diariamente e que a última, na manhã desta quinta, marcou 4,67m, a mesma desta quarta.
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Trecho do rio em São Fidélis retrata o nível baixo |