terça-feira, 5 de novembro de 2013

Desconfiança da população na polícia aumentou, diz pesquisa

A população brasileira está confiando menos na polícia, segundo dados do 7º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta terça-feira. O levantamento mostrou que 70,1% dos brasileiros ouvidos na pesquisa não confiavam na polícia no 1º semestre de 2013, número 8,6 pontos percentuais menor que o índice de desconfiança registrado no 1º semestre de 2012, quando a taxa de desconfiança ficou em 61,5%.

Nos Estados Unidos, apenas 12% possuem baixa confiança na polícia do país em 2013, revelou pesquisa do Instituto Galloup.

No primeiro semestre de 2013, a instituição da qual a população mais desconfiava eram os partidos políticos (95,1% dos brasileiros desconfiam), seguida do Congresso Nacional (81,5% desconfiam). Com índice melhor de confiança que as polícias na pesquisa aparecem a Igreja Católica (50,3% desconfiam) e as Forças Armadas (34,6% desconfiam).

Os dados foram produzidos pela pesquisa Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo e fazem parte do Anuário. Eles foram coletados junto a 3.300 brasileiros de sete estados brasileiros por semestre.

Segundo a FGV-SP, Pernambuco é o estado em que as pessoas que procuraram a ajuda das polícias se mostraram mais insatisfeitas com o trabalho das corporações. Só 27% dos cidadãos que solicitaram apoio da PM no 2º trimestre de 2013 se disseram satisfeitas ou muito satisfeitas. O percentual foi de 25% para a Polícia Civil. A Bahia é o estado em que houve maior índice de satisfação com a PM (54%) e com a Polícia Civil (50%). O Rio foi o estado com segundo melhor índice de satisfação da população com a Polícia Civil (43% ficaram satisfeitos). No Rio, o índice de satisfação com a PM ficou em 45%, o mesmo que no Amazonas. Estes dois estados só ficaram atrás da Bahia no quesito “satisfação com a PM”.

O Anuário revela que o brasileiro está mais descrente em relação às cinco instituições pesquisadas, pois o índice de desconfiança de todas elas aumentou na comparação do 1º semestre de 2012 para o mesmo período desse ano. No caso dos partidos políticos, o índice de desconfiança aumentou em 1,2 pontos percentuais. O do Congresso cresceu 2,6 pontos percentuais, o da Igreja Católica subiu 7,8 pontos percentuais e das Forças Armadas, 9,9 pontos percentuais.

O professor da FGV Rafael Alcadipani afirma, em artigo no Anuário, que alguns fatores que contribuem para a desconfiança nas polícias são a baixa taxa de resolução dos crimes, a burocracia no atendimento ao cidadão e a imagem de violência que está associada às polícias, principalmente à Polícia Militar. “Vale lembrar que os constantes confrontos entre PMs e manifestantes que aconteceram neste ano terminaram por reforçar ainda mais a imagem de uma polícia truculenta”, afirma Alcadipani, no Anuário.

Segundo o secretário-geral do Fórum, Renato Sérgio de Lima, o levantamento conseguiu captar a insatisfação da população em relação à atuação das polícias nos protestos populares de junho e isso foi mais um fator para influenciar o índice de desconfiança.

— O modelo de segurança pública é extremamente ineficiente. A polícia vê a população como inimiga e não como parceira para combater o crime. Há um estranhamento forte entre polícia e estado. A polícia não soube e não sabe responder às manifestações, porque foi pega de surpresa. Só agora a polícia está discutindo como agir nos protestos. E foi pega de surpresa porque a estrutura dela é anacrônica — disse Lima.

Diariamente, pelo menos cinco pessoas morrem no Brasil vítimas de confrontos com policiais civis ou militares, como o Globo relevou em reportagem no domingo, feita com dados do Anuário. Em 2012, 1.890 civis foram mortos em ações policiais. No mesmo período, 89 policiais civis e militares foram mortos em serviço.

O levantamento mostrou também que o risco de um policial morrer assassinado no Brasil é três vezes maior que o de um cidadão comum. A maior parte das mortes de policiais civis e militares acontecem fora do serviço. Diariamente, pelo menos cinco pessoas morrem no Brasil vítimas de confrontos com policiais civis ou militares. Em 2012, 1.890 civis foram mortos em ações policiais. No mesmo período, 89 policiais civis e militares foram mortos em serviço.

De acordo com a pesquisa do Fórum, o Maranhão é o estado com pior índice de policiais por habitantes, com um policial para cada 710 habitantes. A média nacional é de um policial para cada 363 habitantes.

A pesquisa mostrou que a remuneração inicial bruta dos policiais civis é maior que a remuneração inicial bruta dos PMs. “Um delegado em início de carreira recebe aproximadamente R$ 10.500 por mês, ao passo que um tenente da Polícia Militar recebe aproximadamente R$ 6.500 por mês”, afirma Luis Flavio Sapori, membro do conselho de Administração do Fórum, no Anuário.

São Paulo é o estado em que os delegados têm a pior remuneração inicial bruta (considerando salário base mais gratificações e adicionais): eles receberam R$ 6.709,32 em 2012. O Mato Grosso do Sul é o estado em que a remuneração inicial bruta foi maior, chegando a R$ 18,837 no mesmo período. No Rio, ela ficou em R$ 15.715,38.

O Paraná é onde a remuneração inicial bruta do soldado da PM é maior, chegando a R$ 4.838,98. A pior foi no Rio Grande do Sul, em que o soldado ganhou R$ 1.375,71 em 2012. No Rio, a remuneração inicial bruta dos soldados em 2012 era de R$ 2.284,93 e em São Paulo, de R$ 3.023,29.

O Brasil tem 675.996 policiais, bombeiros e guardas municipais, sendo que 14,2% desse efetivo é composto por Guardas Munipais de 993 cidades.

Adolescentes infratores
O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública também mostrou que a taxa de adolescentes infratores em cumprimento de medida de internação por 100 mil adolescentes cresceu na maior parte dos estados. O índice nacional subiu de 58,3, em 2010 (quando havia 12.041 menores internados) para 64,1 em 2011 (ano em que havia 13.362 adolescentes internados).

Para a professora de Ciências Sociais da USP Liana de Paula, tem havido uma acentuada tendência de encarceramento dos menores independente da idade dos infratores.

A maior parte dos jovens cumpriam, em 2011, medidas por roubo (38,1%) e tráfico de drogas (26,8%).

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/desconfianca-da-populacao-na-policia-aumentou-diz-pesquisa-10688479#ixzz2jodIBi2x 

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