Para muitos apenas um semáforo. Para outros um estilo de vida. Assim é como vivem os artistas que fazem dos sinais de trânsito um meio de sustento. O sinal vermelho, que para alguns motoristas é motivo de estresse, abre passagem para a apresentação de malabaristas, que encontraram na cidade de Campos a receptividade necessária para esse tipo de trabalho.
A equipe do site Ururau conversou com o casal de malabaristas, o uruguaio Matias Galindez, de 23 anos e a carioca Piera Nakamura, 23. Segundo eles, foram nas ruas de Campos, onde carros, ônibus e motos trafegam diariamente, que os aventureiros encontraram o espaço para levarem um pouco de suas artes circenses à população local.
“Estamos há mais ou menos um mês aqui na cidade. E nossa! A recepção foi a melhor possível. É claro que tem gente ignorante e que não respeita nosso trabalho, mais essas pessoas são minoria em vista de outros indivíduos que encontramos aqui”, comentou Matias.
Executando movimentos rápidos, precisos e ritmados nos malabares, as apresentações do uruguaio e sua companheira, duram menos de um minuto, mais tempo suficiente para mostrar aos motoristas a arte de rua. Ao sinal verde o público se dissipa e os que podem contribuir o fazem generosamente.
“Já faço esse trabalho há quase três anos. Quando comecei, na minha terra natal, em Canelones, no Uruguai, fazia um trabalho para aprender mesmo. Sempre viajando, encontrei no Brasil o caminho exato para fazer esse tipo de arte dar certo. A cada dia que vou para as ruas aprendo algo novo com os outros artistas”, relatou Matias, que pretende ficar mais um pouco no município de Campos e depois seguir para o Espírito Santo de bicicleta com sua companheira.
Além da concentração, o uruguaio revela que um bom malabarista de sinal, sabe a hora e o tempo exatos em parar sua apresentação, antes do sinal abrir, para então recolher as contribuições.
Tirando uma média de R$20 a R$40 reais por dia, os artistas ganham a vida vivendo inteiramente desse tipo de trabalho, é o que comenta a carioca Piera Nakamura. “Estamos juntando uma grana para podermos comprar nossas bicicletas e seguir viagem com elas daqui para frente. A gente não almeja muito não, só o suficiente para nos mantermos e nos alimentarmos. Tem dias que conseguimos uma boa quantia, mas têm outros que não. E precisamos lidar com os altos e baixos dos sinais também, com a ignorância e falta de respeito de algumas pessoas, que não entendem nosso trabalho. Essa é a pior parte para nós artistas de rua”, lamentou.
Quando a coisa aperta, Matias e Piera não têm nenhuma vergonha de pedir de casa em casa um pouco de alimento ou um trocado para suas necessidades diárias. “Quando viajamos, às vezes dormimos em abrigos, como este que estamos vivendo em Campos, o Casarão Cultural. Na falta de casa, dormimos é na estrada mesmo”, mencionou a carioca.
Piera ainda revelou a vontade em transformar o Casarão em uma grande casa de cultura, com aulas e cursos de malabares, teatro, grafitagem e artes plásticas. “Espaço tem para fazer. No entanto, precisamos de apoio, pois sozinhos não temos condições de realizar esse projeto”, finalizou.
Fotos: Mauro de Souza / Ururau
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