Depois de levantar a audiência da faixa das nove, “Fina Estampa” chegou ao fim em alta e consagrando os exageros de Aguinaldo Silva. Não se pode negar, o autor de sucessos como “Senhora do Destino” e “Tieta” repetiu fórmulas já consagradas em suas tramas e pôs sobre elas uma lente de aumento. Tudo isso sem esquecer o público alvo definido pela Globo: a nova Classe C, que teve o poder de consumo aumentado e gostaria de se ver na TV. Não por acaso, o local escolhido para ambientar a história foi a Barra de Tijuca, paraíso dos chamados “emergentes” do Rio de Janeiro. Segundo a prévia do Ibope, foram 47 pontos de média, com pico de 50. A mesma média da antecessora, “Insensato Coração”.
Confira as audiências das últimas tramas exibidas na mesma faixa de horário na Globo:
“Fina Estampa” – 47 pontos com pico de 50
“Insensato Coração” – 47 pontos com pico de 51
“Passione” – 52 pontos com pico de 54
“Viver a Vida” – 46 pontos com pico de 52
“Caminho das Índias” – 55 pontos com pico de 59
“A Favorita” – 50 pontos com pico de 53
Boa parte da história de “Fina Estampa” foi apoiada em tipos já testados por Aguinaldo Silva. Griselda é uma mulher batalhadora assim como Maria do Carmo, de Senhora do Destino, mas, ao contrário da personagem de Susana Vieira, ao ficar rica, não deixou de lado os hábitos humildes.
Da mesma maneira Teresa Cristina emula vilãs como Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) e Altiva (Eva Wilma), de “A Indomada”, só que vários tons acima. Foi difícil para Christiane Torloni encontrar a linha de interpretação correta para a personagem. Passados oito meses, aprendeu a diminuir a histeria nos momentos corretos e pôs a novela no bolso. Foi uma delícia assisti-la e é perfeitamente compreensível o motivo pelo qual Nazaré recebeu tantas citações ao longo do folhetim.
Teresa é uma versão “evoluída” e “piorada”. Se Nazaré jogou um ventilador na banheira em “Senhora do Destino”, Teresa Cristina jogou um secador. Também matou gente empurrando escada abaixo. E, para incrementar, o autor abriu mão da verossimilhança em algumas viradas – ou alguém acha perfeitamente compreensível que um personagem ache normal o outro secar o cabelo antes de transar numa banheira de espuma?. Aliás, o último capítulo foi todo de Torloni, que conseguiu dar dignidade até a cena constrangedora de um barco no meio da tempestade com um José Mayer delirante. As loucuras da megera ofuscaram o brilhantismo da atriz. Portanto, antes que seja tarde: Torloni arrasou no momentos finais e, durante toda a história, foi muito mais ousada que Lilia Cabral, que, apesar de ótima, preferiu apostar na segurança e manteve-se em sua zona de conforto.
No final uma cena, podemos dizer, 'impressionou', o telespectador, depois de 3 anos, daquela tempestade no mar, a vilã apareceu 'assustadora' no final, para que Griselda tirasse de sua bolsa uma chave inglesa e saísse correndo atras do carro.
“Fina Estampa” serviu também para resgatar atores que faziam falta à dramaturgia da Globo, caso de Marcelo Serrado, alçado a índices gigantesco de popularidade com seu Crô. Mas, como em toda novela com muitos personagens, deve haver quem não levará lembranças tão doces. Intérpretes como Totia Meirelles, Eri Johnson, Ângela Vieira praticamente não tiveram curva dramática. A emissora, claro, não tem do que se queixar, já que voltou à casa dos 40 pontos em sua faixa mais nobre, mas é importante perceber que o exagero na ficção pode não ser a saída para todos. Aguinaldo Silva só conseguiu o sucesso por ser um expert no que faz – para o bem ou para o mal.
E segunda-feira(26) estreia a nova novela das 9:
Blog na Tv / Júlio César
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