O pesquisador Renato Castiglia junto ao casebre com telhado verde na Fiocruz: experimento já verificou diferença de até cinco graus Celsius na temperatura interna do ambiente |
No alto de um dos prédios da Fiocruz(Fundação Oswaldo Cruz) há duas casinholas, de 2 metros quadrados cada. Ambas têm telhados convencionais, mas, sobre um deles, há recipientes de plástico cobertos por plantas. Dali pode sair uma solução para tornar o calor do verão tolerável. O termômetro instalado no local revestido por pequenos vegetais registra temperaturas até 5 graus Celsius mais baixas do que no outro casebre.
O “telhado verde” é popular em países europeus e dá seus primeiros passos no mercado de construção paulista, mas ainda causa estranhamento no Rio. O engenheiro civil Renato Castiglia, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, é um dos primeiros a importar a novidade para terras cariocas.
Castiglia comprou recipientes plásticos e, assessorado por botânicos, encheu-os de espécies suculentas, plantas que toleram até dois meses sem água. Os recipientes foram, então, encaixados, sem qualquer espaço entre eles, sobre o telhado. Resultado: as plantas retêm o calor e a chuva - quando ela vem em quantidade, o excesso escoa da terra para outro vão, de onde ela pode sair sem provocar infiltrações.
Iniciado em março, o experimento já verificou diferença de até 5 graus Celsius nas temperaturas registradas na casa de telhado verde e na outra, de topo convencional.
- Usamos um solo muito arenoso e, embaixo dele, um espaço retentor de água. Até 60% da chuva pode ficar ali - explica. - Vamos instalar uma tubulação para testar, com precipitações artificiais, como o sistema de drenagem de cada casa funciona.
Os céticos podem argumentar que um jardim no telhado, mesmo que não provoque infiltrações, pesaria tanto que representaria um risco à estrutura de uma edificação. Castiglia, porém, acredita que este perigo pode ser evitado.
- Não é preciso plantar árvores de grande porte, criar um jardim. Isso exigiria uma quantidade de terra que, realmente, a maioria dos prédios não aguentaria - admite. - Trabalhamos com recipientes e plantas menores. Cada metro quadrado pesa de 50 a 60 quilos. Dessa forma é possível aplicar o teto verde na maioria das edificações sem fazer reforço estrutural.
As plantas no telhado reduziriam as ilhas de calor, típicas dos centros urbanos, porque minimizam a troca térmica da casa com o ambiente. Dessa forma, economiza-se energia - o ar-condicionado de sua casa pode ser bem menos acionado. Por reterem água, se o experimento fosse adotado em massa, também haveria menos precipitações chegando ao solo, reduzindo o risco de enchentes. Ainda falta, porém, atrair o interesse de engenheiros e arquitetos na técnica. Enquanto isso, só a casinhola da Fiocruz fica livre da promessa de verões ainda mais inclementes.
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