sábado, 3 de agosto de 2013

Protestos afetaram diretamente queda na aprovação do governo Dilma, avaliam especialistas

Na avaliação de cientistas políticos, a queda de 24 pontos na aprovação do governo Dilma Rousseff, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira(1º), ocorreu porque a presidente foi diretamente afetada pela série de manifestações que acontecem desde o mês de junho em todo o país. Segundo eles, os protestos potencializaram a percepção da população sobre as deficiências dos serviços públicos e tudo isso canalizou em quem está no poder, incluindo Dilma.

Dilma/pesquisas
Para o professor Marcus Figueiredo, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), os governantes, independente de que partido sejam, são a bola da vez.

— Se a população, não importa se é de classe alta ou baixa, demonstra insatisfação diante dessas manifestações, na hora que vão perguntar (qual a avaliação do governo), vão dizer: não está bom. Está ruim. Não tem outra explicação. Tem a ver com a sensação de insatisfação que a manifestação provocou — analisa Figueiredo.

Economia, política, serviços...
Na avaliação do professor Fernando Antonio Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), além das manifestações, as deficiências do próprio governo explicam a queda na avaliação positiva do governo Dilma:

— É evidente que as manifestações potencializaram insatisfações latentes que estavam no cotidiano das pessoas, e isso canalizou para a figura do governo, no caso da Dilma, que centraliza o comando da nação. Ela tem problemas na área da economia e da política. A economia não vai bem, a inflação está fugindo ao centro da meta, o crescimento é muito pequeno. No campo político, falta coordenação. Essas questões, somadas à percepção de que os serviços políticos são deficientes foram potencializados pelas manifestações de junho.

A pesquisa aponta ainda que a presidente recebeu a pior avaliação no Rio (19%), que, entre os estados do Centro-Sul em que ela venceu no segundo turno da eleição de 2010, foi onde recebeu o maior número de votos (60,5% ou 4,9 milhões de votos). Sérgio Cabral (PMDB) foi o mais mal avaliado entre 11 governadores. Apenas 12% consideraram o governo do peemedebista ótimo ou bom.
— Na eleição dela, ela estava muito ancorada no Sérgio Cabral e no prefeito Eduardo Paes, responsáveis pela votação dela no estado. Tanto o governo do estado quanto a prefeitura do Rio estão abalados pelas manifestações e isso se reflete nela — explica cientista político Luiz Werneck Vianna, professor da PUC-Rio.

Na concepção do professor Marcus Figueredo, o fato de Cabral ser o governador mais mal avaliado e o pior índice de Dilma ser no Rio pode ser explicado pelo tradicional comportamento do cidadão fluminense de se posicionar como uma espécie de oposição, seja ao governo que for:

— Durante a campanha deu certo o argumento da continuidade, da parceria entre eles. Em seguida, o que acontece? Vem a militância de oposição. Nos atos, eram estudantes, mesmo dizendo que não tinham a ver com militância partidária, reclamando das atitudes da presidente e da situação, fazendo as comparações e falando que queriam os serviços no padrão Fifa.
O professor Fernando Antonio Azevedo fez uma análise das áreas mais bem avaliadas do governo Dilma (Habitação e Combate à fome) e as mais mal avaliadas (Saúde, Segurança e Educação):

— No caso da má avaliação de Saúde, isso vem de muito tempo. Nas áreas avaliadas positivamente, tem muito a ver também com a divulgação de propaganda do governo, com os dados da política habitacional e as políticas sociais, que são carro-chefe desde o governo Lula.

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