Dos municípios da Região Norte Fluminense, São Francisco de Itabapoana, que na série histórica seguia em último lugar, conseguiu um avanço, mas com o índice de 0,639, frente aos 0,503 da última pesquisa, ocupa a 91ª posição entre os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro e em 3312º entre os 5.565 municípios do país, mostrando-se distante de uma situação que atenda, pelo menos à maioria da população.
De acordo com o IBGE, o município de São Francisco tem 41.354 habitantes espalhados por um território de 1.122,438 km², o que resulta numa densidade demográfica de 36,94 habitantes por km². Ainda de acordo com o IBGE, 21,092 pessoas habitam a Zona Urbana do município, enquanto significativos 20,262 pessoas estão concentradas em diversas localidades da Zona Rural. Tal fato estende a área de atuação do município e faz com que quase metade da população fique desguarnecida de serviços básicos e essenciais. Em alguns casos, o poder público desconhece por completo as necessidades do munícipe.
Sentindo os problemas na pele
Quem mora mais próximo ao litoral tem um pouco mais de facilidade com o transporte público. Já quem está em localidades como Santa Luzia, Deserto Feliz e Alegria dos Anjos, dentre outras, sofre com a falta de ônibus e até mesmo vans. Se os problemas com transportes deixam apenas parte da população rural desamparada, os da saúde são unanimidade em todo o município.
Em Buena, no litoral sanfranciscano, a dona de casa Leidilane Pereira Monteiro, de 21 anos relata a dificuldade na Saúde. Segundo ela o posto de saúde funciona de segunda a sexta, das 08h às 17h e com um médico especialista a cada dia, atendendo somente casos de emergência.
“No meu caso, que estou grávida de oito meses e meio, a dificuldade é o pré-natal. A ginecologista aqui só atende se a gente estiver com alguma dor, ou passando mal. Pra fazer um preventivo temos que ir a Ponto de Cacimbas, onde fica o hospital. É um pouco distante e se o pessoal que mora lá já tem que acordar cedo pra ser atendido cedo, imagina eu que moro longe”, lamentou a jovem gestante.
Na praia de Guaxindiba, o pintor Antônio Brito lima, de 28 anos, lamenta a morte de um conhecido que sofreu um infarto. Segundo ele, no posto médico do local não tinha ambulância e o Resgate teria demorado a chegar, não havendo mais tempo hábil para salvar a vida do amigo.
“Se for um caso mais sério a gente tem que ir pra Campos. Mês passado um amigo meu teve um infarto e não tinha ambulância no posto. O Resgate demorou a chegar e quando levou para o hospital, não tinha material para atender e ele acabou morrendo. Aqui na praia você pode ver a quantidade de lixo. O mar está levando tudo e a prefeitura não limpa o local,” lamentou.
Sentindo os problemas na pele
Quem mora mais próximo ao litoral tem um pouco mais de facilidade com o transporte público. Já quem está em localidades como Santa Luzia, Deserto Feliz e Alegria dos Anjos, dentre outras, sofre com a falta de ônibus e até mesmo vans. Se os problemas com transportes deixam apenas parte da população rural desamparada, os da saúde são unanimidade em todo o município.
Em Buena, no litoral sanfranciscano, a dona de casa Leidilane Pereira Monteiro, de 21 anos relata a dificuldade na Saúde. Segundo ela o posto de saúde funciona de segunda a sexta, das 08h às 17h e com um médico especialista a cada dia, atendendo somente casos de emergência.
“No meu caso, que estou grávida de oito meses e meio, a dificuldade é o pré-natal. A ginecologista aqui só atende se a gente estiver com alguma dor, ou passando mal. Pra fazer um preventivo temos que ir a Ponto de Cacimbas, onde fica o hospital. É um pouco distante e se o pessoal que mora lá já tem que acordar cedo pra ser atendido cedo, imagina eu que moro longe”, lamentou a jovem gestante.
Na praia de Guaxindiba, o pintor Antônio Brito lima, de 28 anos, lamenta a morte de um conhecido que sofreu um infarto. Segundo ele, no posto médico do local não tinha ambulância e o Resgate teria demorado a chegar, não havendo mais tempo hábil para salvar a vida do amigo.
“Se for um caso mais sério a gente tem que ir pra Campos. Mês passado um amigo meu teve um infarto e não tinha ambulância no posto. O Resgate demorou a chegar e quando levou para o hospital, não tinha material para atender e ele acabou morrendo. Aqui na praia você pode ver a quantidade de lixo. O mar está levando tudo e a prefeitura não limpa o local,” lamentou.
E foi também em Guaxindiba que a equipe do Site Ururau encontrou a situação mais alarmante. Na foz do rio que dá nome a uma das nove praias existente nos 62 km do litoral de São Francisco ocorre um fenômeno semelhante ao que vem acometendo a praia de Atafona, no litoral de São João da Barra, onde o mar também avança pelo continente. No local, há três anos as águas salgadas vem corroendo a faixa de areia e, segundo a dona de casa Cassiandra Tavares Porto, de 30 anos, duas casas e um estabelecimento comercial já foram completamente destruídos e sem ter pra onde ir, os entulhos das casas devastadas vêm sendo utilizado numa barragem improvisada, na tentativa de adiar o inevitável.
“Essa semana, em três dias o mar avançou tanto que a água entrou nos nossos terrenos. O pessoal da prefeitura veio aqui há uns três anos, fez um cadastro, mas nada foi feito. Mais pra frente, onde você vê o rio encontrando com o mar tinha umas duas casas e um bar. A senhora que morava ali morreu. Todo dia ela colocava a cadeira na frente de casa e chorava vendo o mar chegando”, contou a dona de casa.
Sem ter para onde ir e com a saúde comprometida, Cassiandra, que mora com o marido e dois filhos, se vê sem saída e aguarda uma providência do poder público.
Sem ter para onde ir e com a saúde comprometida, Cassiandra, que mora com o marido e dois filhos, se vê sem saída e aguarda uma providência do poder público.
“Pra algumas pessoas, morar na beira do mar e dormir com o barulho das ondas seria uma bênção, mas pra mim é um tormento. Tomo remédio pra dormir e mesmo assim fico acordada. Estamos aqui a mercê da sorte. É arriscado a gente estar dormindo e o mar avançar e levar a gente”, finalizou.
O Desconhecimento
O Desconhecimento
Coordenador de comunicação, Maurício Barreto |
A equipe do Site Ururau esteve na prefeitura de São Francisco, onde em contato com o coordenador de comunicação Maurício Barreto, se surpreendeu ao constatar que nem a secretária de Promoção social do Município, Dayse Teixeira, nem o secretário de Meio Ambiente, Cláudio Heringer, assim como o próprio coordenador, ou qualquer esfera do poder público municipal conhecia o drama das famílias de Guaxindiba.
Por telefone, em ligação feita pelo próprio Maurício, a secretária Dayse Teixeira informou que nenhuma demanda deste tipo chegou à sua secretaria. Já o secretário de meio ambiente ratificou que a ação de aterramento foi feita irregularmente pelos moradores e que o problema ocorre por que os mesmo construíram suas casas muito próximas ao mar.
Quanto aos problemas de saúde, o coordenador de comunicação informou que os postos e hospitais contam com médicos e equipamentos e que as unidades de saúde teriam sido fechadas no governo anterior e que necessitam de tempo para adequação.
Maurício solicitou que fosse enviado um email solicitando as respostas, no entanto, até o fechamento da matéria, a resposta não chegou a nossa redação.
Por telefone, em ligação feita pelo próprio Maurício, a secretária Dayse Teixeira informou que nenhuma demanda deste tipo chegou à sua secretaria. Já o secretário de meio ambiente ratificou que a ação de aterramento foi feita irregularmente pelos moradores e que o problema ocorre por que os mesmo construíram suas casas muito próximas ao mar.
Quanto aos problemas de saúde, o coordenador de comunicação informou que os postos e hospitais contam com médicos e equipamentos e que as unidades de saúde teriam sido fechadas no governo anterior e que necessitam de tempo para adequação.
Maurício solicitou que fosse enviado um email solicitando as respostas, no entanto, até o fechamento da matéria, a resposta não chegou a nossa redação.
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