Alguns shoppings do Rio de Janeiro aproveitaram o início do ano para reajustar os preços dos estacionamentos. No BarraShopping, os motoristas que ficam mais tempo no shopping estão pagando mais caro. Os clientes que ficam de 1h01 a 1h30 têm de pagar agora R$ 8, contra os R$ 7 do mês passado, uma alta 14%. Para quem ficar mais de duas horas, é cobrado um valor adicional a cada 30 minutos. Nesse caso, o valor dobrou: passou de R$ 0,25 para R$ 0,50. Em Campos, o maior shopping center da cidade, já reajustou o preço de seu estacionamento, que subiram de R$ 4 para R$ 4,50.
O economista Otávio Vilarinho foi um dos que levaram um susto com o reajuste do estacionamento na virada do ano. Como presta consultoria para uma empresa que tem sede no complexo do BarraShopping, passa muitas horas com o carro estacionado. Ele viu os gastos subirem cerca de 50% em relação ao que pagava em dezembro. Em 27 de dezembro, pagava diariamente R$ 12,50 por um período de quase 11 horas no local. Em 6 de janeiro, a despesa subiu para R$ 19,50.
— Fiquei abismado com o aumento. Quem estaciona no shopping a trabalho, não tem outro lugar para parar o carro. Isso acaba onerando os meus rendimentos, porque a empresa para a qual presto consultoria não vai me ressarcir por isso — afirma Vilarinho, que é autônomo.
O BarraShopping argumenta que está há dois anos sem reajustar os valores. No Shopping Nova América, a alta foi de 12% em janeiro. Assim, o período de três horas passou de R$ 8 para R$ 9.
Mensalidades de cursos ainda podem subir em janeiro
As mensalidades escolares mais caras também estão entre as surpresas desagradáveis do início do ano. Os aumentos de cursos regulares, mesmo que captados de forma ainda parcial, tiveram o maior impacto no último IPC-S: alta de 1,41%. Nas quatro semanas terminadas em 31 de dezembro, a alta havia sido de apenas 0,02%. Em 2013, os cursos subiram 8,43%. Os cursos livres, como de informática ou inglês também aceleraram os preços no período de 0,30% para 0,66%.
— Esses cursos que não são formais ainda têm espaço para reajustes até o fim do mês — afirma o economista André Braz, especialista em inflação da FGV, que frisa que os aumentos das mensalidades escolares também serão melhor captados nas próximas semanas.
Outros serviços também mostraram uma prévia de aumento de preços frente a dezembro. Uma refeição em bar ou restaurante ficou mais cara. Os preços aceleraram 0,57% até 7 de janeiro, ante uma alta de 0,41% em dezembro. Em 2013, avançaram 9,41%. Consultas médicas subiram 0,39% até os primeiros dados de janeiro e têm avanço de 8,95% nos últimos 12 meses. O consumidor está pagando mais caro pelo ingresso de cinema que sobe 7,79% em 12 meses. O preço da clínica veterinária acumula em 2013, alta de 10%.
— No caso de refeições fora de casa, existe uma relação com a época do ano, em que as pessoas ficam mais dispostas a consumir e também à renda maior — afirma Braz. — A inflação de serviços é persistente e ainda que haja espaço para desacelerar este ano, isso deve ocorrer de forma lenta — resume.
O economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, também vê um cenário de manutenção de preços de serviços em alta.
— O mercado de trabalho continua em desaceleração, mas ainda está aquecido e isso gera demanda por serviços. Além disso, muitos deles são indexados e refletem a inflação passada, como no caso dos aluguéis. A inflação de serviços vai continuar num patamar alto este ano — afirma Padovani.
Alimentos e cigarros sobem
Além da alta dos serviços, o IPC-S mostra que os preços de alimentos também aceleraram com força até o início de janeiro. Os in natura (verduras, legumes e frutas) passaram de alta de 3,66%, até 31 de dezembro, para alta de 5,31%. Em 2013, avançam 16,79%. Segundo Braz, parte disso, pode estar ligada ao calor intenso das últimas semanas que pode depreciar a qualidade de frutas e vegetais.
Por outro lado, a melhoria nas condições da oferta já fazem com que o Leite longa vida intensifique a queda para 6,7% até 7 de janeiro. Passagens aéreas passaram de um recuo de 4,45% para uma queda de 8,29%. O feijão carioca passou teve uma retração de 5,20%, após recuar 7,6%, na leitura anterior.
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