terça-feira, 17 de junho de 2014

Padres organizam torcida em igrejas com festas e reza para mãe do juiz

Padre Ramon: ‘A gente não quer só ganhar o Mundial de Futebol, quer que o Brasil ganhe em todos os sentidos, como no social
Uma torcida de fé que pede uma ajuda divina, enquanto a bola rola nos estádios do país. As igrejas do Rio se vestiram de verde-amarelo e viraram ponto de encontro nos dias de jogos da seleção brasileira. E não se engane. O clima por lá é tão animado como o de bares e restaurantes. Nesta terça-feira (17), quando Neymar e companhia pisarem no estádio Castelão, em Fortaleza, contra o México, um churrasco — com cerveja, claro — vai embalar a torcida dos fiéis da Paróquia Divino Espírito Santo, na Tijuca, bairro tradicional da cidade do Rio de Janeiro.

O padre Ramon Nascimento, 35 anos, que comanda o rebanho canarinho, admite que, às vezes, reclama da arbitragem, mas com a polidez de um homem que frequentou o seminário. “Reclamo, mas não xingo. A gente não quer só ganhar o Mundial, queremos que o Brasil ganhe em todos os sentidos, como no social”, contou o padre que, ao ser questionado sobre a cervejinha, não titubeou: “Não vejo problema, mas eu não bebo, porque acho o gosto ruim. Prefiro vinho, mas a temperatura ainda não está boa para beber.” 

Na Igreja Nossa Senhora da Cabeça, na Penha, outro bairro tradicional do Rio, a festa é temática. Segundo o padre Jefferson Merighetti, 34, a ideia era reproduzir uma das caractéristicas do bairro: o botequim, sem seu lado profano, evidentemente. No cardápio que arrecada dinheiro para a paróquia, enquanto os fiéis torcem, tem cachorro-quente, aipim com carne-seca, cervejinha e até caipirinha. Ficar parado é um pecado que poucos cometem. E pudera. Padre Jefferson é um animador-nato. De peruca verde-amarela, corneta e camisa do Brasil, ele é o capitão da chamada ‘Torcida da Fé”. 
Padre Jefferson (de peruca): compra de enfeites para animar fiéis
“Tem gente de outra paróquia vindo para cá. Tem até fiéis da Universal (do Reino de Deus). Costumo dizer que sou torcedor desde o ventre da minha mãe. Ela era bagunceira, festeira e dá volta olímpica quando o Brasil ganha. Aqui, a gente mostra que a fé pode conjugar com a alegria e a torcida”, afirmou o padre, que como bom torcedor foi para o Saara comprar apetrechos para a diversão. “Eu tenho kit para todo mundo, até para os paroquianos mais tímidos”.

Reitor do Cristo Redentor do Corcovado, padre Omar é outro que para as atividades religiosa para ver a seleção em campo. O período de Copa já rendeu boas histórias para ele. Na segunda-feira, ele teve que “salvar” um bósnio de um grupo de cerca de cem argentinos que se empolgou ao ver o rival durante visita ao cartã-postal. “Adoro futebol. Amanhã, estarei lá em cima assistindo ao jogo. Se eu xingo o juiz? Não. Eu rezo pela mãe dele”, diz o padre, aos risos.

Do Japão para o Pavão Azul 
Atsushi e Ikuko Uema: revista japonesa recomendou o Pavão
No Pavão Azul, bar tradicional de Copacabana, a proprietária, Vera Afonso, 67 anos, foi surpreendida por um casal do Japão que descobriu o local em uma revista japonesa. “Viemos para a Copa e temos esse guia com a gente e que nos ajuda muito. Li sobre a comida e o bar, e foi fácil chegar aqui”, contou Atsushi Uema, 30. “Vamos para Natal, assistir à partida do Japão”, completou Ikulco Uema, 34.

O DIA

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