sábado, 11 de maio de 2013

A difícil arte de fabricar as 4 milhões de hóstias que serão distribuídas na Jornada Mundial da Juventude

A receita parece simples: farinha extrapura extraída do miolo de grão de trigo e água filtrada, misturadas e cozidas em prensas industriais. Mas fabricar as 4 milhões de hóstias que serão distribuídas durante a comunhão em vários eventos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), entre os dias 23 e 28 de julho, não é para qualquer um. Seis grandes fornecedores de hóstias para paróquias brasileiras de todo o país foram convocados pelo Comitê Organizador da JMJ. A comissão, formada por um padre e oito leigos, fez observações visuais e degustou as hóstias até bater o martelo por três fornecedores.

— As hóstias precisavam ser consistentes e não esfarinhar muito. Para evitar imprevistos, descentralizamos a produção — conta o padre Renato Martins, diretor dos Atos Centrais da JMJ, que participou da escolha.

Entre os fornecedores da JMJ está a Fábrica de Hóstias São Francisco, em Mococa, no interior de São Paulo. Segundo um dos sócios, João Tadeu Benatti, a empresa produz até 18 milhões de hóstias, que consomem 20 toneladas de farinha. Para a JMJ, os 24 fornos industriais, manuseados por 22 funcionários, vão produzir 1,5 milhão de hóstias. Para garantir a espessura exigida, elas serão acomodadas nos fornos num utensílio usado em cozinhas industriais, conhecido como placas de obreia.

— O produto que sai da minha fábrica é apenas pão. Na missa é que se transforma no corpo de Cristo. Fabricar hóstias de qualidade é difícil — disse o empresário, devoto de Santo Expedito e São Francisco.

João Benatti e um sócio começaram a fabricar hóstias há 20 anos por sugestão de um padre. Até então, eles se dedicavam a vender bolsas pretas usadas pelos religiosos. O lote de mil hóstias sai por R$ 17. A distribuição das encomendas é feita por Sedex. Nessas duas décadas, um dos casos mais curiosos aconteceu quando o empresário se preparava para fornecer ao mercado americano, mas acabou prejudicado pelos atentados de 11 de Setembro de 2001.

— Tinha um contrato com paróquias de Boston. O problema é que ao passar por aparelhos de raios X em caixas, as hóstias pareciam muito com pólvora. Acabou não dando certo — disse.

As hóstias da JMJ terão formato padrão, com 1 milímetro de espessura e começam a ser entregues no início de julho. Parte da produção irá para paróquias que estarão realizando eventos paralelos com os jovens. Para a missa de recepção do papa, no dia 25 de julho, celebrada por dom Orani Tempesta na Praia de Copacabana, estão reservadas 700 mil hóstias.

O desafio maior, porém, será cumprir a meta de distribuir, em 20 minutos, até 1,5 milhão de hóstias na missa que Francisco celebrará no Campos Fidei, em Guratiba, no dia 28.

— Tanto em Copacabana quanto em Guaratiba, a distribuição será descentralizada. Tendas serão montadas e padres consagrarão as hóstias antes da distribuição. Apenas em Guaratiba, onde a multidão será maior, teremos 24 capelas e 4 mil voluntários para ajudar na distribuição. Ainda não temos informações sobre quantas pessoas receberá a comunhão diretamente do papa — acrescentou o padre Renato Martins.

O segredo está na farinha
João Tadeu Benatti, um dos fornecedores: “Fabricar hóstias de qualidade é difícil"
Sobre o segredo para fabricar uma hóstia, João Tadeu Benatti conta que tudo começa no processo de seleção da farinha para que as unidades sejam bem branquinhas. Na empresa, ele emprega farinha extraclara, processada a partir de grãos pré-selecionados do miolo do trigo. A água utilizada passa por filtros de carvão para retirar cloro entre outros produtos químicos.

— A cada dez quilos de farinha nós empregamos de oito a nove litros de água. A quantidade varia, porque se a farinha for mais úmida não necessita de tanta água — ensina Benatti.

O passo seguinte é cozinhar a massa a uma temperatura média de 180 a 200 graus, por cerca de um minuto ou menos. Depois que esfria, e antes de ser cortada, a massa da hóstia passa por um processo de esterilização, para que possa ser consumida num prazo de até oito meses após a fabricação — a massa é rapidamente aquecida a até 100 graus e, em seguida, é submetida a uma temperatura perto de zero.

O passo seguinte é cortar a massa. Nesse processo, cerca de 10% a 15% das hóstias são descartadas, por não terem os padrões de qualidade exigidos. Para cada 1,5 quilo de farinha se produz, em média, mil hóstias.

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/a-dificil-arte-de-fabricar-as-hostias-que-serao-distribuidas-na-jornada-mundial-da-juventude-8360203.html#ixzz2SzlWdu5m

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