quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Governo admite pela primeira vez risco de racionamento de energia no Brasil

Abaixo do nível. Reservatório na Usina Hidrelétrica de Queimado, em Unaí (MG), está baixo com a falta de chuvas
Pela primeira vez, o governo assumiu que existe um risco, embora de "baixíssima probabilidade", de haver dificuldades no suprimento de energia elétrica no país. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) se reuniu nesta quinta-feira e produziu uma nova resposta aos apontamentos dos agentes do mercado sobre os riscos faltar energia no país.

A cúpula do governo para o setor elétrico sustenta que "a não ser que ocorra uma série de vazões (de água nos reservatórios das hidrelétricas) pior do que as já registradas, evento de baixíssima probabilidade, não são visualizadas dificuldades no suprimento de energia no país em 2014".

A nota ratifica que "o sistema elétrico está atravessando uma situação conjuntural desfavorável em termos climáticos, em um momento em que o período úmido ainda não está caracterizado, mas dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias para o abastecimento do país".

O governo destacou que, com a capacidade de geração de energia no país, incluindo as expansões previstas para 2014, "o sistema apresenta-se estruturalmente equilibrado, com sobras, em termos de balanço energético, considerando-se tanto os critério probabilístico (riscos anuais de déficit), como as análises com as séries históricas de vazões, para o atendimento de uma carga prevista para 2014, da ordem de 67.000 MW médios de energia".

Com as altas temperaturas do início do ano, o consumo de energia tem batido recordes sucessivamente. Na semana passada, três minutos após mais um recorde ser superado, um apagão afetou 12 estados e o Distrito Federal. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no entanto, nega que o alto consumo tenha sido responsável pela falha.

Nesta quinta-feira, reportagem do GLOBO mostrou que o governo já não conta com 17 hidrelétricas previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujas obras devem atrasar. Estudo da consultoria PSR estima em 17,5% o risco de falta de energia. Já a agência de classificação de risco Fitch aponta para uma probabilidade "razoável" de que ocorra um racionamento no Brasil.

A nota indica ainda que, considerando-se o risco de déficit de 5%, conforme critério estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), há uma sobra de 6.200 MW médios, equivalente a 9% da carga prevista.

A nota, lida por Ildo Grüdtner, secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, informou que a malha de transmissão de energia elétrica "opera dentro de padrões de segurança, tanto nas interligações entre regiões, quanto na malha de atendimento regional, mesmo com os recordes na demanda máxima, por elevação das temperaturas".

Até o momento, o CMSE ainda não debateu especificamente o apagão da semana passada, conforme previsto.

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