quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Lindemberg Alves é condenado pela morte de Eloá e 11 crimes

O motoboy Lindemberg Alves foi condenado pela morte da ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008, e outros 11 crimes - duas tentativas de homicídio, contra Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, e contra o policial militar Atos Valeriano; 5 cárceres privados, dois deles contra Nayara; e 4 disparos de arma de fogo. Somadas, as penas totalizam 98 anos e 10 meses de prisão, em regime inicial fechado, mais o pagamento de 1.320 dias multa no valor unitário mínimo legal. A sentença é lida no momento pela juíza Milena Dias, após os jurados – seis homens e uma mulher – se reunirem em uma sala secreta no Fórum de Santo André, no ABC paulista, por mais de três horas.

O júri respondeu a 49 questões divididas em 12 quesitos – um para cada crime atribuído a Lindemberg - para determinar se o réu seria culpado ou absolvido pelos crimes. O julgamento durou quatro dias.

O conselho de sentença se reuniu às 15h45m, após leitura dos quesitos no tribunal e a promotora de Justiça Daniela Hashimoto, depois da pausa para o almoço, abrir mão da réplica durante a fase de debates. Neste momento, é grande a presença de pessoas em frente ao fórum. Os populares gritam por “justiça”. Há pouco, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, apareceu na janela do fórum e fez um aceno à multidão.

Em sua consideração durante os debates entre acusação e defesa, nesta quinta-feira, a advogada Ana Lúcia Assad assumiu a culpa do réu em apenas quatro dos crimes – homicídio culposo de Eloá, lesão corporal culposa de Nayara Rodrigues, cárcere privado de Eloá e disparo de arma de fogo. Ana Lúcia negou que Lindemberg tivesse tido a intenção de matar a ex-namorada. Ela também não o responsabilizou pelas tentativas de homicídio contra Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, e contra o policial militar Atos Valeriano, e pelos cárceres de Nayara e dois amigos de escola de Eloá, Victor e Iago.

- Não estou aqui para passar a mão na cabeça dele (Lindemberg). Mas para garantir que ele responda por aquilo que efetivamente cometeu - disse Ana Lúcia.

A advogada afirmou que alguns dos policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) envolvidos na operação e parte da imprensa estão “moralmente no banco dos réus”, como Lindemberg.

- O Gate errou e a imprensa deu Ibope para o caso tornando ele cada vez pior.
Em uma hora e meia de explanação da defesa, foram feitos vários apartes por parte da Promotoria, que contestou informações citadas pela advogada que não estariam nos autos. Em certo momento, Ana Lúcia Assad chegou a contrariar uma versão dada pelo seu próprio cliente em depoimento. Lindemberg disse que não tirou o irmão mais novo de Eloá, Everton Douglas, do apartamento, levando-o para uma rua distante do local. No entanto, a advogada afirmou que o jovem foi afastado do apartamento porque ele (Lindemberg) queria privacidade com Eloá.

A advogada também tentou ressaltar que o clima no apartamento não era de terror.
- Que terror é esse onde eles ouvem música, veem tevê, fazem sobremesas e aparecem sorrindo na janela?

Por fim, a advogada disse que a acusação usou como estratégia tentar classificá-la de “burra”.
Mais cedo, em uma explanação bastante técnica, a promotora de Justiça Daniela Hashimoto disse que o réu mentiu em sua versão para os jurados como mentiu antes, diversas vezes.

- Ele manipulou Eloá e seus amigos dentro da casa, manipulou a polícia e até o advogado que lhe foi oferecido nos dias do cárcere - disse.

Segundo a promotora, Lindemberg teve diversas oportunidades para se entregar, mas não o fez.
- O estado democrático de direito se preocupou com este cidadão. Ofereceu todas as condições a ele, mas ele não aceitou porque tinha um intento, que era matar Eloá.

Na apresentação aos jurados, a promotora lembrou os últimos atos de Lindemberg dentro do apartamento de Eloá. Com a arma do crime em punho, ela empurrou a mesa numa sinalização do que Lindemberg teria feito ao formar uma barricada para a polícia. Na sequência, de acordo com a advogada, Lindemberg refugiou-se, fez dois disparos contra Eloá, um contra Nayara e teria tentado fazer um quarto, que não foi deflagrado. Para a promotora esses fatos negam a versão do acusado, de que ele apenas teria se assustado com o barulho da explosão.

A promotora Daniela Hashimoto pediu, ainda, que os jurados se colocassem no lugar das vítimas. E mostrou um vídeo em que indicava disparos feitos por Lindemberg antes da polícia invadir o apartamento.

O quarto dia de julgamento do motoboy Lindemberg Alves começou pouco antes das 10h desta quinta-feira, no Fórum de Santo André, no ABC paulista, com os debates entre acusação e defesa. Lindemberg chegou por volta das 8h20m. A família da vítima, Eloá Pimentel, também está no local.

Depoimento com pedido de perdão

O terceiro dia de julgamento foi suspenso por volta das 19h40m desta quarta-feira, após o interrogatório de Lindemberg. Em seu primeiro depoimento desde que foi preso, o motoboy admitiu ter atirado contra a ex-namorada após a entrada da PM no apartamento da vítima. Eloá foi mantida refém por mais de cem horas. Durante interrogatório, que durou mais de cinco horas, Lindemberg afirmou que se assustou após ouvir a explosão na porta do apartamento.

O depoimento do réu era um dos mais aguardados e considerado ponto alto do julgamento. Antes de começar a ser interrogado, ele pediu perdão à mãe de Eloá.

- Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor - disse Lindemberg, que acrescentou:

- Estou aqui para falar a verdade, afinal tenho uma dívida muito grande com a família dela.
Na época do crime, Lindemberg estava com 22 anos. Armado, ele invadiu o apartamento da ex-namorada porque queria obrigá-la a reatar romance com ele. Eloá tinha 15 anos. A adolescente foi morta com dois tiros, após a Polícia Militar invadir o apartamento.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/lindemberg-alves-condenado-pela-morte-de-eloa-11-crimes-3989209#ixzz1maIgYz2M 

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