domingo, 23 de março de 2014

Filhos de Cabral e Garotinho se preparam para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados

Bem que podia ser uma história do tipo “Romeu e Julieta” da política. Primeiro ingrediente: os Cabrais e os Garotinhos se odeiam. E, embora seus filhos sejam jovens e tenham uma condição social que não fica nada a dever à dos Capuletos e à dos Montecchios da história original, Marco Antônio Cabral e Clarissa Garotinho não morrem propriamente de amores um pelo outro.

Os dois são pré-candidatos a uma vaga de deputado federal em Brasília. Herdeiros de impérios políticos adversários, eles vão às urnas, em outubro, sob os olhares atentos das famílias poderosas, que ficarão na torcida para que somente um dos dois acabe — no último ato — desfalecido.

‘Garotinho é lamentável’
Marco Antônio chega da rua descontraído e dá dois tapinhas carinhosos nas costas do repórter. Dizem que seu pai, o governador Sérgio Cabral, também tem o costume, mas que nem sempre o gesto é sincero. Coisas da política que — para o bem ou para o mal — o estudante da PUC de 22 anos parece ainda não ter adquirido. Nem mesmo após os dois dias de aula de media training (um curso de preparação para entrevistas) que o rapaz teve este ano.

Pré-candidato a deputado federal, Marco Antônio Cabral mora na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul. Usa blusa Lacoste. Tem um Rolex — um luxo de alguns milhares de reais que não estava em seu pulso na última sexta. É filho do governador Sérgio Cabral e descendente, por parte de mãe, do ex-presidente Tancredo Neves. Um berço desses, não precisou bater de porta em porta para conseguir um trampo. Em 2012, com o coeficiente de rendimento numa faculdade de Direito de apenas 5,6, trabalhava no 13º andar da Prefeitura do Rio. Conseguiu o emprego com “amigos do pai’’.

Mas se engana quem acha que o rapaz não precisou conquistar nada com esforço próprio. Sem um pingo de arrogância, apesar do currículo de mão beijada, Marco vai angariando simpatias. Fala de samba com desenvoltura. Aprendeu com o avô, o jornalista Sérgio Cabral. No campo amoroso, o peemedebista é um bom partido. Daqueles que namoram. Atualmente, está há dois anos e meio com uma estudante de Psicologia.

— O Marco Antônio, antes de mais nada, é um rapaz extremamente humilde, com uma noção fantástica de vida pública — diz o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Paulo Melo (PMDB).

Vice-presidente do PMDB estadual, Marco vem visitando os municípios do estado. Conversando com políticos. Ganha fôlego nas aulas de boxe na garagem do seu prédio. Na sede do PMDB, no Centro do Rio, costuma fazer rodadas de pinga-fogo (perguntas e respostas) com os correlegionários da Juventude do partido. Ainda tropeça em nomenclaturas. Mas já vai criando suas bandeiras. Como a de brigar para que os estados e municípios tenham mais autonomia. E mostrando opiniões. Para o governo do seu pai, dá nota 9. Já para o do desafeto da família, o ex-governador Anthony Garotinho, nota zero.

— Garotinho foi lamentável. Ele corroeu as instituições do estado — diz, poupando, no entanto, a filha política da família, a deputada estadual Clarissa Garotinho. — Ela tem potencial. Toma as posições do pai dela, natural.

‘Cabral é um deslumbrado’
Oprofessor de tênis diz: “Clarissa, se permita errar”. Ela segura firme na empunhadura da raquete, cuidadosa para não lascar as unhas de silicone implantadas na véspera, e... erra. Mas nem sempre ela é tão “obediente”. Em 2008, seu pai, o ex-governador Anthony Garotinho, não queria que a filha, formada em Jornalismo, concorresse a uma vaga de vereadora. Mas ela bateu o pé e acabou se elegendo.

Claro, os laços familiares ajudaram bastante. Assim como ajudaram quando, dois anos depois, Clarissa Garotinho, hoje com 31 anos, trocou uma cadeira na Câmara dos Vereadores por uma vaga de deputada estadual. Descolar Clarissa da imagem do polêmico Anthony é realmente muito difícil. Ela mesma faz questão de passar a imagem “família unida”.

No carnaval deste ano, deixou sua casa no Flamengo e foi para um spa em Sorocaba, no interior de São Paulo, acompanhando papai e mamãe Garotinho. Perdeu 650 gramas, três centpimetros de cintura e 2,5 cm de abdômen. Trouxe uma obsessiva dieta que inclui chia (a semente da moda) e queijo cottage. Além, é claro, do hábito de jogar tênis, adquirido em nobres saibros sorocabanos.

— A dieta é para ajudar o meu pai a emagrecer — diz.

Este ano, Clarissa é a grande aposta do Partido da República (PR) para uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília. Bem articulada e inteligente, a vaidosa Clarissa não dispensa um “banho” diário do perfume Carolina Herrera — um pequeno luxo de R$ 300 com notas na fragrância de tangerina da Calábria. Em seu gabinete, decorado com persianas lilás e pufes verde-limão, Clarissa faz o tipo venham a mim os insatisfeitos com o governador Sérgio Cabral, de quem não esconde o que pensa:

— Cabral é um deslumbrado. Ele confundiu o público com o privado. Usa os jatinhos dos empreiteiros — diz, equilibrando os óculos escuros Prada sobre a cabeça, mas evitando críticas ao filho dele, Marco Antônio, também pré-candidato a deputado federal — Eu tive pouquíssima convivência com ele. Conheço dele mais o que eu ouço falar (na imprensa).

— A Clarissa é muito talentosa, mas perde na forma como trata os colegas. Ela às vezes baixa o nível — ataca o líder do governo na Alerj, André Corrêa (PSD), um dos desafetos.

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/marco-antonio-cabral-clarissa-garotinho-se-preparam-para-disputar-uma-cadeira-na-camara-dos-deputados-11957812.html#ixzz2wp8Ialxi

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