segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

As polêmicas nos oito anos de pontificado de Bento XVI

O Papa Bento XVI conduziu seus oitos anos de pontificado com mão de ferro: protestou contra os diretos dos homossexuais, o aborto e a eutanásia, e enfrentou outras religiões, como o islamismo. O pontífice também precisou lidar com diversos escândalos surgidos durante seu comando. Confira abaixo uma lista de polêmicas que emergiram em seu pontificado.

HOMOSSEXUALIDADE - Em novembro de 2005, o Vaticano impôs restrições à ordenação de homossexuais como padres. “A Igreja não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam profundas tendências homossexuais ou apoiam a chamada cultura gay”, disse Bento XVI. Já em novembro de 2010, o Papa chegou à Espanha para uma visita de dois dia e atacou o aborto e o casamento homossexual, recentemente legalizado no país, durante missa em que consagrou a célebre igreja barcelonesa da Sagrada Família. As declarações fizeram parte de críticas mais amplas do pontífice ao “secularismo agressivo” da Espanha.

ABORTO - Em maio de 2007, o Papa viajou ao Brasil, em sua primeira viajem à América Latina, e ameaçou excomungar políticos que defendem o direito ao aborto. Ao fim da mesma viagem, após celebrar uma missa para 150 mil fiéis e visitar o ex-presidente Lula, uma outra polêmica: em um discurso para os arcebispos da América Latina e Caribe, o Papa declarou que a Igreja Católica não se impôs, apenas purificou os indígenas da América e que a retomada de suas religiões seria um passo para trás. Os líderes indígenas brasileiros classificaram a atitude do Papa como “arrogante e desrespeitoso”.ISLÃ - Em setembro de 2006, o Papa visitou sua terra natal, a Baviera, e, durante um discurso, em Regensburg, ele motivou protestos do mundo islâmico ao citar um imperador bizantino do século XIV, segundo o qual o islamismo se difundiu pela espada e só fez mal ao mundo. Dias depois, Bento XVI disse “lamentar profundamente” a reação muçulmana ao seu discurso, que, segundo ele, foi mal compreendido. Já em novembro, durante uma visita à Turquia, o Papa estendeu a mão aos muçulmanos, em um gesto histórico de reconciliação, para que, juntos, encontrem “um caminho para a paz”. Ao visitar a Mesquita Azul, em Istambul, Bento XVI se tornou o segundo Papa a visitar um local sagrado para o Islã.


Leia também: Papa Bento XVI renuncia ao cargo

A ÚNICA - A Congregação do Vaticano para a Dourtirna da Fé, a organização que Bento XVI havia dirigido antes de se tornar Papa, publicou, em julho de 2007, um documento no qual reafirma que a Igreja Católica é a única verdadeira igreja de Jesus Cristo. Declarações deste tipo, emitidas por João Paulo II em 2000 provocaram a ira da comunidade protestante.

GENÉTICA - Em março de 2008, o Vaticano atualizou os sete pecados capitais, introduzindo os sete pecados mortais modernos. Entre os novos pecados estão: “prejudicar o meio ambiente, participar de experimentos científicos duvidosos e de manipulação genética, acumular riqueza excessiva, consumir ou traficar drogas e promover a pobreza, a injustiça ou a desigualdade social”.

HOLOCAUSTO - Bento XVI revogou a excomunhão de dois arcebispos tradicionalistas, em fevereiro de 2009. Um deles, Richard Williamson, havia negado o Holocausto em uma entrevista na televisão. A decisão provocou grande ira na Europa, e a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu para que o Papa esclarecesse a sua posição sobre o assunto.

PEDOFILIA - Um dos escândalos que mais atingiu a imagem da Igreja Católica aconteceu em 2010, quando padres das igrejas da Irlanda, Alemanha, Áustria, Bélgica e Estados Unidos foram acusados de pedofilia. O escândalo respingou no Papa, que chegou a ser acusado de ter “encoberto” os padres pedófilos durante seu tempo como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé. Por conta das acusações, o Papa bento XVI foi forçado a demitir vários bispos e ainda ordenou a limpeza dos Legionários de Cristo, depois de descobrir que seu fundador, o padre mexicano Marcial Maciel, falecido em 2008, abusou sexualmente de seminaristas e teve filhos com diversas mulheres. O Papa reconheceu no livro-entrevista “Luz do mundo”, do escritor alemão Peter Seewald, que o caso de Maciel foi tratado com “lentidão e demora”, porque “foi muito bem encoberto”.

Leia também: Cardeais brasileiros têm chance de assumir papado

ORLANDI - Em maio de 2012, a polícia italiana abriu uma tumba na Basílica de São Apolinário, onde estão enterrados vários cardeais e altos cargos do Vaticano, e confirmou a existência de dezenas de ossadas e do corpo intacto do mafioso Enrico De Pedis, um dos chefes da organização Magliana, que agia em Roma. De Pedis, que morreu em 1990, é suspeito do desaparecimento da jovem Emanuela Orlandi, há quase 30 anos, filha de um empregado do Vaticano, que vivia no pequeno estado papal. A suspeita foi confirmada após análises de DNA. A decisão do Ministério Público de reabrir o túmulo veio depois de um telefonema anônimo a um programa de TV, em 2005, que denunciava o enterro do mafioso na basílica romana. Pouco depois, a ex-namorada do mafioso, Sabrina Minardi, revelou que teria sido ele quem sequestrara Emanuela. A jovem tinha 15 anos quando desapareceu depois de sair do apartamento da família dentro do Vaticano para ir a uma aula de música. A Igreja ainda teria aceitado um bilhão de liras (mais de R$ 1,245 milhão), a antiga moeda italiana, como pagamento para permitir o enterro do mafioso.

VATILEAKS - O escândalo mais recente do pontificado de Bento XVI foi o caso conhecido como “VatiLeaks”: o vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé. O tribunal do Vaticano chegou a condenar Paolo Gabriele, ex-mordomo do Papa Bento XVI, responsável por entregar os documentos ao jornalista Gianluigi Luzzi, que publicou os dados, a 18 meses de prisão domiciliar pelo roubo. O Papa, porém, perdoou o ex-funcionário, que foi libertado pouco mais de dois meses após a sentença. O Papa perdoou ainda Claudio Sciarpelletti, funcionário da Santa Sé condenado por ser cúmplice de Gabriele. O ex-mordomo foi preso em maio de 2012, quando a polícia encontrou cópias de documentos papais em sua casa. O ex-ajudante admitiu ser a fonte do vazamento de documentos da Santa Sé para a imprensa, incluindo cartas ao Papa que denunciavam supostos atos de corrupção nos negócios do Vaticano e textos que revelavam disputas internas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...