sábado, 16 de fevereiro de 2013

Crô, sucesso de Marcelo Serrado na novela 'Fina estampa', vai brilhar no cinema


Na segunda-feira de carnaval, Marcelo Serrado se viu multiplicado em 270. É que a sua mais famosa criação televisiva, o personagem Crô, da novela “Fina estampa” (2011), foi usado como fantasia pelos ritmistas da São Clemente. A escola, que ficou em 10º lugar, desfilava um enredo em homenagem à telenovela brasileira e havia escolhido a bateria — coração de toda agremiação — como ala ideal para o tributo. Uma semana antes da farra de Crô na Sapucaí, o ator não escondia a ansiedade pelo desfile e nem os planos para o personagem, que será o protagonista de um longa-metragem que começa a ser rodado em abril pelo cineasta Bruno Barreto.

— Crô não podia ficar apenas na novela. A repercussão foi enorme, ganhei uma série de prêmios com ele e se tornou, realmente, um dos personagens mais importantes da minha carreira — diz Serrado.

O longa vai narrar a história do mordomo Crodoaldo Valério e sua busca por uma nova patroa.

— A bicha está rica, morando em São Paulo, mas está deprimida porque precisa achar uma nova patroa para mandar nela — conta o ator. — Então, o filme a acompanha fazendo uma série de testes para saber quem vai ser a nova patroa. Ela quer alguém que a maltrate.

A irreverência exuberante de Crô confirmou não apenas os dotes cômicos de Serrado como a autoralidade que ele imprime em seus personagens.

— Sempre improviso, invento cacos e o Aguinaldo (Silva) e o Wolf (Maia) me estimulavam a fazer isso com o Crô — diz, referindo-se ao autor e ao diretor da novela.

O incentivo não era em vão, tanto que, fora das telas, o ator sente-se cada vez mais autor. Se, em 2010, Serrado se arriscou pela primeira vez num monólogo — “Não existe mulher difícil”, de Lucio Mauro Filho, que segue em cartaz no Teatro dos Grandes Atores, na Barra, até o próximo dia 24 —, agora ele se coloca à prova como dramaturgo, com a estreia de outro solo, “Tudo é tudo e nada é nada”, em cartaz desde o último dia 11 no Teatro do Leblon, com direção de Rubens Camelo.

— Estreei “Não existe...” sem saber se era boa ou não, porque não tem comédia mais ou menos. Ou ela é engraçada ou não é. Quando vi, estava lotando os maiores teatros do país, foi um blockbuster — conta ele, que acumula mais de 200 mil espectadores em dois anos de temporada. — Ali ganhei a confiança de que precisava para encarar a plateia sozinho, vi que podia brincar e, principalmente, errar. Acho que a experiência me deixou mais solto. Agora, o desafio é outro.

Textos inéditos a caminho
Com “Tudo é tudo...”, Serrado dá partida em uma série de três novas peças, todas escritas por ele e que devem entrar em cartaz até 2014. A próxima será “A história dos amantes”, que estreia em outubro. A peça é uma comédia rasgada sobre três amigos tijucanos que relatam suas inusitadas experiências e decepções amorosas.

— Investigo historicamente a evolução do homem e sua eterna busca por uma mulher até chegar a esses três amigos completamente loucos. Um é apaixonado por gordas, varizes e estrias; o outro não consegue transar com a mulher, que está grávida; e o outro se apaixonou por uma mulher numa suruba.

Adireção de “A história dos amantes”, assim como a de “Não existe mulher difícil”, é de Otávio Müller, que também comandou o ator em “No retrovisor” (2007), comédia de Marcelo Rubens Paiva que também será levada ao cinema, com previsão de estreia em 2014 e direção de Mauro Mendonça Filho.

— Marcelo e Otávio foram grandes incentivadores para que eu escrevesse — diz Serrado, que em 2011 venceu o prêmio de melhor ator em Paulínea pelo filme “Malu de bicicleta”, baseado em livro de Rubens Paiva. — Eles sempre me deram liberdade e me incentivaram a trazer elementos para a cena, para o personagem. Foi assim que começou a nascer o autor, a vontade de escrever. Em “No retrovisor” e “Não existe mulher...”, o Otávio provocava, e eu mexia no texto. A gente se entende, e no caos dele eu consigo extrair o melhor.

E foi entre o caos e a comédia que Serrado pensou em “A história dos amantes”, tendo como inspiração o coletivo britânico Monty Python.

— Eles são uma grande referência, muito pelo sarcasmo, por aquelas situações malucas, pelos diálogos surreais. Acho que a peça também quebra barreiras, tem um pouco da loucura deles misturada à agilidade dos diálogos do (Harold) Pinter. É a primeira peça em que os críticos poderão me avaliar como autor — diz.

Para 2014, Serrado planeja a estreia de outro solo de sua autoria, “Dizem que sou louco por amar assim”, que terá direção de Ney Latorraca.

— Acho esse o meu melhor texto — diz o ator/ator. — É uma história mais densa, que acompanha a vida de um cara que passa um ano trancado em casa após o fim de um relacionamento. Acho, sinceramente, que jamais poderia escrever essas peças se não tivesse lido e estudado Pinter, Ionesco, Aristófanes, as tragédias. Todo ator precisa ler. Não adianta ter um rosto interessante, e acho que essa consciência me ajudou na carreira.

Mas, antes da estreia de seus novos textos, na próxima segunda-feira Serrado começa a ensaiar uma nova peça, “Rain man”, uma adaptação do longa dirigido por Barry Levinson, em 1988. Na encenação, o ator viverá o autista interpretado por Dustin Hoffman nas telas. A direção é de José Wilker, e a estreia será no dia 5 de abril, em São Paulo, chegando ao Rio em julho, no Teatro dos 4.

— A partir de agora estou completamente dedicado ao “Rain man”. É um grande papel, entre o cômico e o trágico.

José Wilker diz o que planeja extrair do ator.

— Assim como eu foco no texto da peça, sugeri ao Marcelo que não pense no trabalho do Dustin Hoffman — diz o diretor. — São tipos físicos completamente diferentes, um não cabe no outro. Vamos construir o personagem a partir da inteligência e das informações que ele (Serrado) trouxer. É um grande ator, tudo depende do nosso mergulho no trabalho.

Paralelamente aos novos planos, o ator planeja viajar pelo país com “Tudo é tudo e nada é nada”, que chega a São Paulo a partir de abril, junto com “Rain man”, e segue até o fim do ano. Mais um blockbuster à vista?

— Não dá para saber. Mas sei que não devo parar.

No solo, o ator revisita suas próprias experiências profissionais e afetivas, e brinca com seus altos e baixos.

— Falo de sucesso e fracasso, e lembro, por exemplo, de um fracasso que montei com o Abujamra, um texto do Sartre — conta. — O Abu me dizia: “Marcelo, o fracasso dá caráter”. Pra ser ator, já tive de fazer uma cenoura, cantei “Brota, brota, sementinha...” em peça infantil. Tenho muito caráter.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/cro-sucesso-de-marcelo-serrado-na-novela-fina-estampa-vai-brilhar-no-cinema-7593076#ixzz2L5ZMANxc

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