Neste sentido, o Salgueiro saiu na frente, com um enredo sobre a fama que empolgou o público em vários momentos, mas não chegou a ser arrebatador. A Tijuca, por sua vez, contou com surpresas do carnavalesco Paulo Barros, mas pode ser prejudicada por problemas em carros alegóricos. Já a Portela, não tão cotada, correu por fora e levantou os foliões com o samba mais cantado da noite. Já a estreante Inocentes de Belford Roxo e a União da Ilha, que esteve oito anos no antigo Grupo de Acesso, e há quatro tenta se firmar no Especial, assim como a Mocidade Independente (que há nove anos não volta ao Desfile das Campeãs), estão numa batalha maior para se destacar.
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| Salgueiro trouxe para a avenida o enredo Fama |
Segunda escola a desfilar, o Salgueiro até veio com fantasias luxuosas, mas - num enredo que bem poderia ter saído da cabeça de Paulo Barros — o que se viu foi uma escola leve e com muitos toques de irreverência, em fantasias e alas. Bom exemplo disto era o elemento cenográfico chamado de máquina lipoaspiradora, onde Carlinhos Coreógrafo, todo rebolativo, e Amenon (uma versão mais "fortinha" dele) eram literalmente os destaques. As assinaturas dos carnavalescos Renato e Márcia Lage ficaram mais evidentes em alas como Chão de Estrelas, em que carrinhos como naves espaciais traziam 21 integrantes em cadeiras de rodas e se transformaram em pontos altos. O abre-alas, chamado de Grande Angular, trazia uma enorme máquina fotográfica que jogava flash no público e bonecos gigantes que representavam seguranças mal-humorados. Já a comissão de frente era composta por paparazzi que fingiam fotografar personagens que estavam em uma imensa limusine.
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| Na Comissão de Frente da Tijuca, membros fantasiados de Thor mostraram truques com 'martelo voador' |
Na sequência, a Unidos da Tijuca enfrentou graves problemas em seu desfile com os carros alegóricos. O abre-alas da escola do Borel bateu antes de começar o desfile, no Setor 1, e teve arrancada parte do revestimento do lado esquerdo, além de ter quebrado algumas luminárias. No carro da Floresta Encantada, mais problemas: alguns componentes da alegoria passaram mal e foram socorridos por bombeiros. Ainda na concentração, um integrante da Velha Guarda havia desmaiado e teve que ser retirado de maca. A série de transtornos acabou por atrapalhar a apresentação do enredo “Desceu num raio, é trovoada. O deus Thor pede passagem para mostrar nessa viagem a Alemanha encantada“. Durante todo o desfile, equipes de técnicos da escola se apressavam de um lado a outro para socorrer os carros com problemas. O carnavalesco Paulo Barros conferiu de perto os estragos, logo no início, no abre-alas. O público do Setor 1 que acompanhou boa parte dos apuros da Tijuca, aplaudia entusiasmadamente cada vez que os integrantes conseguiam reverter a situação.
Mas houve pontos altos. A esperada comissão de frente, coreografada por Priscilla Motta e Rodrigo Neri, recebeu muitos aplausos das arquibancadas. Os componentes vestidos de azul e branco, em um tripé, simulavam fazer um machado flutuar e, num trampolim, jogavam-se para trás, mas paravam no ar. Eles representavam Thor, o mais destemido dos deuses. Já o primeiro carro alegórico da Unidos da Tijuca representou o Reino de Odin, onde os deuses do trovão cumpriam suas missões e atravessavam a passagem entre o mundo dos deuses e o dos homens. O carro tinha um buraco que soltava fumaça e emitia barulhos alusivos aos ventos e rajadas de uma tempestade em ritmo de triller que correu o sério risco de atrapalhar a bateria e prejudicar o desfile, o que não chegou a acontecer. Neste buraco, em algumas partes do desfile, um homem era "arremessado". E, em uma ala que arrancou aplausos, os integrantes eram fatias que se juntavam para formar o bolo Floresta Negra, com direito a cerejinha em cima, representada por outros foliões.
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| A Portela ousou com o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Fran e Roselaine |
Na Portela, o destaque mesmo foram seus integrantes, que cantaram o samba-enredo “Madureira... Onde meu coração se deixou levar” com garra e empolgação. Ainda assim, não foi o suficiente para arrebatar aplausos calorosos do público. No abre-alas, a tradicional águia apareceu mais estilizada e com menos destaque que em anos anteriores. Como era de se esperar, o grito do símbolo da escola podia ser ouvido pela Sapucaí. O carro exalava perfume por onde passava, recurso que foi repetido na alegoria do Mercadão de Madureira. O carro "... É dia de Santo Sinhá" também tinha efeitos especiais. A saia de uma baiana gigante que representava Dona Esther Rodrigues, uma liderança religiosa da região, levantava-se, revelando um terreiro. Tocando tambores, os ritmistas fizeram um ritual de religiões africanas, onde a rainha de bateria Patricia Nery, que estava vestida da pomba-gira Maria Padilha, saudou os malandros. O público reagiu calorosamente.
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| Carro da Mocidade teve boneco de Stevie Wonder e o carnavalesco Chico Spinoza fantasiado de Elton John |
Para apresentar o enredo “Eu vou de Mocidade com samba e Rock in Rio, por um mundo melhor”, a Mocidade trouxe paradinhas, acordes de guitarra e muitos passos de rock and roll. Logo atrás da bateria, estava um tripé que carregava o cantor Evandro Mesquita que tocava guitarra em alguns pontos da avenida. Na fase final do desfile, os 280 ritmistas, comandados pelos mestres Beréco e Dudu, fizeram a famosa paradinha e levantaram o público nas arquibancadas. Na abertura, a comissão de frente, coreografada por Jaime Arôxa, trouxe casais dançando o nostálgico rock dos anos 50 e 60. Mas houve alegorias que causaram estranhamento, como o quarto carro, “Construindo um mundo melhor”. A alegoria, que seria "uma visão poética da mobilização pela paz e preservação ambiental" tinha uma frente que mais parecia uma tromba de planta carnívora.
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| União da Ilha fez referência a Ipanema, célebre por receber Vinicius de Moraes |
Comemorando seus 60 anos, a União da Ilha contou o enredo "Vinícius, no plural - paixão, poesia e carnaval', uma homenagem ao poeta Vinícius de Moraes. A agremiação até conseguiu empolgar o público no início, mas não manteve o ritmo apesar do samba-enredo de letra fácil. O segundo carro, "Pátria Minha — O Poeta", era uma grande homenagem ao Brasil, com componentes que levantavam a bandeira do país. A quarta alegoria, "Afrossamba — O Branco mais preto do Brasil", demorou a entrar na Avenida. Como saía fumaça da parte traseira, os bombeiros chegaram a fazer uma verificação e disseram se tratar de algo normal. Vinícius apareceu representado no tripé "Bossa Nova - O compositor". As fantasias, embora não tivessem o luxo de escolas com mais recursos, ajudaram a contar bem o enredo. A irreverência, uma das marcas da escola, esteve presente em várias alas, como a "Menino de Ilha". Os componentes vinham com balões e trajes de banho para adultos e roupinhas infantis inspiradas nos anos 20. A ala "As muito feias que me perdoem" tinha integrantes com maiô, toca de natação e um sol. Essa era também uma homenagem à banda de Ipanema. A “Patota de Ipanema”, com surfistas de topetes gigantescos e pranchas coloridas também era uma das mais engraçadas. Uma das alas mais bonitas foi a Valsa de Eurídice, que trouxe fantasia inspirada em uma ânfora grega em forma de vestido que retrata cenas inspiradas no mito de Orfeu.
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| Abre-alas da Inocentes de Belford Roxo mudou de cor ao passar pela Sapucaí |
Com o enredo “As sete confluências do Rio Ham”, sobre os 50 anos da imigração coreana, a Inocentes de Belford Roxo também teve problemas com alegorias como a terceira (“Do porto de Busan ao Porto de Santos — o Tjitjalenka — a saudade e a esperança”), que empacou no setor 7. O último carro da escola de Belford Roxo (“Brasil oriente da folia” ) teve um problema para fazer uma curva e raspou a lateral na grade esquerda do Setor 1, danificando um pouco a lateral do carro. Já a sexta alegoria (“A fé refletida na paz de um olhar”) apresentava falhas de acabamento. Mas o quinto carro, o da Ciência e Tecnologia, trouxe um tigre com engrenagens mecânicas, representando os quatro tigres asiáticos, cujos urros que soltava pela avenida agradaram a arquibancada.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carnaval-2013/belas-alegorias-falhas-em-carros-marcam-primeira-noite-do-grupo-especial-7550669#ixzz2KbHgjFEY
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