segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Belas alegorias e falhas em carros marcam primeira noite do Grupo Especial do Rio de Janeiro

A primeira noite de desfiles do Grupo Especial teve como destaques belos carros em que o branco dava o tom. No Salgueiro, por exemplo, a terceira alegoria (Baile de máscaras) era toda alva, com iluminação lilás ao fundo, e tinha como destaques estátuas vivas. Na Unidos da Tijuca, o terceiro carro (O navio fantasma) usava a mesma cor para lembrar a ópera do compositor Richard Wagner. Nele, havia um barco que balançava como um pêndulo, como se estivesse navegando. Mas, numa apresentação que não se destacou pelo brilho ou por sambas que caíssem na boca do povo e que não teve gritos de "é campeã", as agremiações lutam para não passar em branco na avaliação dos jurados.

Neste sentido, o Salgueiro saiu na frente, com um enredo sobre a fama que empolgou o público em vários momentos, mas não chegou a ser arrebatador. A Tijuca, por sua vez, contou com surpresas do carnavalesco Paulo Barros, mas pode ser prejudicada por problemas em carros alegóricos. Já a Portela, não tão cotada, correu por fora e levantou os foliões com o samba mais cantado da noite. Já a estreante Inocentes de Belford Roxo e a União da Ilha, que esteve oito anos no antigo Grupo de Acesso, e há quatro tenta se firmar no Especial, assim como a Mocidade Independente (que há nove anos não volta ao Desfile das Campeãs), estão numa batalha maior para se destacar.
Salgueiro trouxe para a avenida o enredo Fama
Segunda escola a desfilar, o Salgueiro até veio com fantasias luxuosas, mas - num enredo que bem poderia ter saído da cabeça de Paulo Barros — o que se viu foi uma escola leve e com muitos toques de irreverência, em fantasias e alas. Bom exemplo disto era o elemento cenográfico chamado de máquina lipoaspiradora, onde Carlinhos Coreógrafo, todo rebolativo, e Amenon (uma versão mais "fortinha" dele) eram literalmente os destaques. As assinaturas dos carnavalescos Renato e Márcia Lage ficaram mais evidentes em alas como Chão de Estrelas, em que carrinhos como naves espaciais traziam 21 integrantes em cadeiras de rodas e se transformaram em pontos altos. O abre-alas, chamado de Grande Angular, trazia uma enorme máquina fotográfica que jogava flash no público e bonecos gigantes que representavam seguranças mal-humorados. Já a comissão de frente era composta por paparazzi que fingiam fotografar personagens que estavam em uma imensa limusine.
Na Comissão de Frente da Tijuca, membros fantasiados de Thor mostraram truques com 'martelo voador'
Na sequência, a Unidos da Tijuca enfrentou graves problemas em seu desfile com os carros alegóricos. O abre-alas da escola do Borel bateu antes de começar o desfile, no Setor 1, e teve arrancada parte do revestimento do lado esquerdo, além de ter quebrado algumas luminárias. No carro da Floresta Encantada, mais problemas: alguns componentes da alegoria passaram mal e foram socorridos por bombeiros. Ainda na concentração, um integrante da Velha Guarda havia desmaiado e teve que ser retirado de maca. A série de transtornos acabou por atrapalhar a apresentação do enredo “Desceu num raio, é trovoada. O deus Thor pede passagem para mostrar nessa viagem a Alemanha encantada“. Durante todo o desfile, equipes de técnicos da escola se apressavam de um lado a outro para socorrer os carros com problemas. O carnavalesco Paulo Barros conferiu de perto os estragos, logo no início, no abre-alas. O público do Setor 1 que acompanhou boa parte dos apuros da Tijuca, aplaudia entusiasmadamente cada vez que os integrantes conseguiam reverter a situação.

Mas houve pontos altos. A esperada comissão de frente, coreografada por Priscilla Motta e Rodrigo Neri, recebeu muitos aplausos das arquibancadas. Os componentes vestidos de azul e branco, em um tripé, simulavam fazer um machado flutuar e, num trampolim, jogavam-se para trás, mas paravam no ar. Eles representavam Thor, o mais destemido dos deuses. Já o primeiro carro alegórico da Unidos da Tijuca representou o Reino de Odin, onde os deuses do trovão cumpriam suas missões e atravessavam a passagem entre o mundo dos deuses e o dos homens. O carro tinha um buraco que soltava fumaça e emitia barulhos alusivos aos ventos e rajadas de uma tempestade em ritmo de triller que correu o sério risco de atrapalhar a bateria e prejudicar o desfile, o que não chegou a acontecer. Neste buraco, em algumas partes do desfile, um homem era "arremessado". E, em uma ala que arrancou aplausos, os integrantes eram fatias que se juntavam para formar o bolo Floresta Negra, com direito a cerejinha em cima, representada por outros foliões.
A Portela ousou com o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Fran e Roselaine
Na Portela, o destaque mesmo foram seus integrantes, que cantaram o samba-enredo “Madureira... Onde meu coração se deixou levar” com garra e empolgação. Ainda assim, não foi o suficiente para arrebatar aplausos calorosos do público. No abre-alas, a tradicional águia apareceu mais estilizada e com menos destaque que em anos anteriores. Como era de se esperar, o grito do símbolo da escola podia ser ouvido pela Sapucaí. O carro exalava perfume por onde passava, recurso que foi repetido na alegoria do Mercadão de Madureira. O carro "... É dia de Santo Sinhá" também tinha efeitos especiais. A saia de uma baiana gigante que representava Dona Esther Rodrigues, uma liderança religiosa da região, levantava-se, revelando um terreiro. Tocando tambores, os ritmistas fizeram um ritual de religiões africanas, onde a rainha de bateria Patricia Nery, que estava vestida da pomba-gira Maria Padilha, saudou os malandros. O público reagiu calorosamente.
Carro da Mocidade teve boneco de Stevie Wonder e o carnavalesco Chico Spinoza fantasiado de Elton John
Para apresentar o enredo “Eu vou de Mocidade com samba e Rock in Rio, por um mundo melhor”, a Mocidade trouxe paradinhas, acordes de guitarra e muitos passos de rock and roll. Logo atrás da bateria, estava um tripé que carregava o cantor Evandro Mesquita que tocava guitarra em alguns pontos da avenida. Na fase final do desfile, os 280 ritmistas, comandados pelos mestres Beréco e Dudu, fizeram a famosa paradinha e levantaram o público nas arquibancadas. Na abertura, a comissão de frente, coreografada por Jaime Arôxa, trouxe casais dançando o nostálgico rock dos anos 50 e 60. Mas houve alegorias que causaram estranhamento, como o quarto carro, “Construindo um mundo melhor”. A alegoria, que seria "uma visão poética da mobilização pela paz e preservação ambiental" tinha uma frente que mais parecia uma tromba de planta carnívora.
União da Ilha fez referência a Ipanema, célebre por receber Vinicius de Moraes
Comemorando seus 60 anos, a União da Ilha contou o enredo "Vinícius, no plural - paixão, poesia e carnaval', uma homenagem ao poeta Vinícius de Moraes. A agremiação até conseguiu empolgar o público no início, mas não manteve o ritmo apesar do samba-enredo de letra fácil. O segundo carro, "Pátria Minha — O Poeta", era uma grande homenagem ao Brasil, com componentes que levantavam a bandeira do país. A quarta alegoria, "Afrossamba — O Branco mais preto do Brasil", demorou a entrar na Avenida. Como saía fumaça da parte traseira, os bombeiros chegaram a fazer uma verificação e disseram se tratar de algo normal. Vinícius apareceu representado no tripé "Bossa Nova - O compositor". As fantasias, embora não tivessem o luxo de escolas com mais recursos, ajudaram a contar bem o enredo. A irreverência, uma das marcas da escola, esteve presente em várias alas, como a "Menino de Ilha". Os componentes vinham com balões e trajes de banho para adultos e roupinhas infantis inspiradas nos anos 20. A ala "As muito feias que me perdoem" tinha integrantes com maiô, toca de natação e um sol. Essa era também uma homenagem à banda de Ipanema. A “Patota de Ipanema”, com surfistas de topetes gigantescos e pranchas coloridas também era uma das mais engraçadas. Uma das alas mais bonitas foi a Valsa de Eurídice, que trouxe fantasia inspirada em uma ânfora grega em forma de vestido que retrata cenas inspiradas no mito de Orfeu.
Abre-alas da Inocentes de Belford Roxo mudou de cor ao passar pela Sapucaí
Com o enredo “As sete confluências do Rio Ham”, sobre os 50 anos da imigração coreana, a Inocentes de Belford Roxo também teve problemas com alegorias como a terceira (“Do porto de Busan ao Porto de Santos — o Tjitjalenka — a saudade e a esperança”), que empacou no setor 7. O último carro da escola de Belford Roxo (“Brasil oriente da folia” ) teve um problema para fazer uma curva e raspou a lateral na grade esquerda do Setor 1, danificando um pouco a lateral do carro. Já a sexta alegoria (“A fé refletida na paz de um olhar”) apresentava falhas de acabamento. Mas o quinto carro, o da Ciência e Tecnologia, trouxe um tigre com engrenagens mecânicas, representando os quatro tigres asiáticos, cujos urros que soltava pela avenida agradaram a arquibancada.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carnaval-2013/belas-alegorias-falhas-em-carros-marcam-primeira-noite-do-grupo-especial-7550669#ixzz2KbHgjFEY

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