terça-feira, 5 de março de 2013

Manter um animal doméstico pode custar mais de R$ 300 mensais

Na lista do que considerar antes de adquirir um bichinho de estimação, poucos são os mais precavidos que fazem as contas de quanto o novo membro da família vai pesar no orçamento. E esse impacto é cada vez mais expressivo, segundo representantes do chamado mercado pet no país. Com os avanços da medicina veterinária e as condições favoráveis da economia brasileira, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) estima que o setor tenha faturado R$ 14,2 bilhões em 2012, um crescimento de 16,4% frente aos R$ 12,2 bilhões de 2011. O setor abrange segmentos como alimentação, acessórios, serviços e veterinária, ou seja, as necessidades e mimos que garantem o bem-estar dos animais domésticos. Como saída para economizar, algumas clínicas já aceitam os chamados planos de saúde animal, uma novidade no mercado que ainda está em fase de consolidação.

Segundo cálculos da Abinpet, manter um cão de grande porte custaria a partir de R$ 307,91 mensais, incluindo gastos com ração, vermífugos, vacina, controle de pulgas, consultas veterinárias e banho e tosa. Mas esse valor varia de acordo com onde a pessoa mora, as marcas que compra, qual é o animal de estimação, seu porte e sua raça. A associação estima, por exemplo, que os gatos, mais econômicos, gerem uma despesa de R$ 84,19 mensais em média; roedores, R$ 25; peixes de água doce, R$ 18; e aves ornamentais, R$ 15. Com o avanço da veterinária, porém, esses valores podem crescer, e muito. Clínicas como a Vet Care, em Laranjeiras, por exemplo, oferece serviços como acupuntura, fisioterapia e o atendimento por profissionais especializados em endocrinologia, neurologia, oncologia e outras subespecialidades.

Também a fase da vida do animal é um bom termômetro para os gastos: quando filhotes, o que se investe em cuidados aumenta, assim como ocorre na velhice. Flávia Braz, veterinária e sócia da Vet Care, lembra que um filhote, até quatro meses, tem de tomar cerca de uma vacina a cada três semanas. O custo com ração, por sua vez, aumenta conforme o animal cresce. Na clínica, indicam-se as chamadas rações de categoria super premium, que contam com teor de proteína e vantagens nutricionais maiores — e preço também mais encorpado. Já a visita ao veterinário deve ser feita ao menos uma vez por ano, indica.

— Isso muda a partir dos cinco anos, quando é preciso um acompanhamento mais rigoroso, com exames de sangue e avaliação cardiológica. É importante as pessoas lembrarem disso, de que os animais também envelhecem — afirma. — Raças mais puras também têm maior pré-disposição para doenças genéticas, como alterações articulares e alergias, que envolvem medicação de uso crônico.

Para além dos gastos com saúde, há uma série de serviços, tratamentos, acessórios e mimos que hoje se tornam cada vez mais comuns para cães e gatos, mas que podem ser cortados se o objetivo for desafogar as contas. O banho, por exemplo, pode ser dado sem problemas em casa, diz Flávia, mas quem busca praticidade e tem cães de pelo longo, muitas vezes não hesita em deixar entre R$ 15 e R$ 50 uma vez por semana ou de 15 em 15 dias na petshop do bairro. Já a comida é bom que seja indicada por um veterinário, defende, que pode indicar uma ração balanceada, que vai preservar a saúde do animal. Comida caseira é contraindicada, diz Flávia.

A advogada Paula Rodrigues e seu namorado, o publicitário Marcos Siqueira, por exemplo, não medem esforços para fazer Lolie Marie feliz. Paula diz que nunca pôs as contas na ponta do lápis, mas que, num mês sem gastos extras, vão-se cerca de R$ 500 com a golden retriever de sete meses. Afora as inúmeras vacinas, a filhote gasta cerca de R$ 250 mensais em ração. Os brinquedinhos “não duram mais de 40 minutos”, reconhece Paula. Há ainda o tapete higiênico descartável para a pequena fazer suas necessidades, o adestrador, o banho no pet shop por conta da dificuldade de secar o pelo em casa, além da coleira, dos remédios contra dermatite e sarna, apenas para listar o básico. No mês em que a cadelinha teve de fazer um raio X, por exemplo, lá foram R$ 350 a mais por esse exame.

— No fim, vale cada centavo — derrete-se a dona.

Segundo a Cobasi, rede que está no mercado há 27 anos, um kit básico para um filhote deve conter ração, comedouro, bebedouro, tapete higiênico, cama, brinquedo e petiscos. Há ainda serviços como os hotéis para cachorros e os passeadores que, podem parecer desnecessários à primeira vista, mas são artigo de primeira necessidade para quem vai viajar e não tem com quem deixar seu companheiro.

Para enxugar os gastos, já existem no mercado planos de saúde animal. Há dois tipos: aquele em que a própria clínica oferece um pacote que dá descontos em exames, consultas e serviços; e o que funciona como um plano de saúde humano, com uma rede de clínicas credenciadas. Para Josélio Moura, no entanto, é preciso atenção ao escolher a segunda opção, uma vez que a novidade ainda carece de maior normatização:

— É um setor que está nascendo e ainda precisa de regulamentação. Há 15 ou 20 anos, não existia. Ainda não vejo uma integração de clínicas.

De fato, são poucos os planos com ampla cobertura e que oferecem redes credenciadas. A Petplan, de origem inglesa que está presente em países da Europa, na Austrália, nos Estados Unidos e, há um ano e dois meses no Brasil, é uma dessas empresas. Por enquanto, seu alcance está restrito à capital e a algumas cidades de São Paulo, onde conta com cerca de mil animais segurados — por enquanto, apenas cachorros. Marcello Falco, diretor-geral da Petplan no Brasil, diz que a empresa estima que donos de cães tenham um gasto mensal de R$ 350 a R$ 400 com seus animais e que o plano mais vendido da empresa custa R$ 89. Há cerca de cem clínicas credenciadas. De acordo com dados da empresa, em clínicas particulares, gasta-se até R$ 8 mil com o tratamento de uma doença como câncer, até R$ 6 mil para cuidar de uma insuficiência renal e até R$ 1,5 para curar uma dermatite.

Setor pet cresce a taxas maiores que a economia do país
Apesar do peso no orçamento, a procura pelos cuidados filhotes e também pelos cuidados com eles só cresce. Segundo a Abinpet, a população de animais de estimação cresceu 5,1% de 2011 para 2012, atingindo 106,2 milhões de animais. Para a veterinária do petshop Gatos & Gatos, em Botafogo, Heloísa Justen, os gastos maiores com os bichos de estimação estão ligados ao maior poder aquisitivo do brasileiro, que, “assim como viaja mais, pode dar melhores condições de tratamento a seus animais”, acredita. O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, Josélio Moura, lembra, no entanto, que o crescimento do setor se dá a taxas muito mais alta do que da economia do país.

— Existia e ainda existe uma demanda reprimida nesse setor. Cada dono quer e hoje pode cuidar melhor de seu animal. A procura tem sido não só maior do que o setor é capaz de atender, como tem crescido num nível mais alto do que o da economia.

Para o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França, nota-se uma evolução do chamado mercado pet a partir dos anos 1990:

— A concentração urbana, a diminuição do número de pessoas nos lares, o aumento da população de idosos, toda essa mudança estrutural foi o que levou à maior procura pelo animal.

Segundo dados da Abinpet, o Brasil é hoje o segundo maior país em número de cães e gatos do mundo. Se consideradas todas as espécies de animais domésticos, está na quarta posição. O maior mercado é o americano, onde o setor pet é um dos cinco maiores da economia americana. No Brasil, o setor movimentou R$ 12,2 bilhões em 2011 e, apesar do crescimento da oferta de serviços e produtos considerados supérfluos, 69% do faturamento do setor ainda vem do segmento de alimentação. Pet care, que envolve acessórios, produtos para higiene e beleza, e equipamentos, responde apenas por 7%.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/manter-um-animal-domestico-pode-custar-mais-de-300-mensais-7743708#ixzz2Mg5xfnpD

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