sábado, 23 de março de 2013

O capitão garanhão e a prostituta recatada de 'Salve Jorge'

Théo e Morena: enquanto ela tem o filho sozinha numa caverna e vive de flashbacks dos tempos do namoro, a fila anda para ele
Depois de uma novela em que duas mulheres – Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella) – eram as pegadoras do pedaço, Théo (Rodrigo Lombardi) toma a dianteira no número de conquistas em Salve Jorge (Globo, 21h), como manda a cartilha do “galã José Mayer”.

No rol de personagens criados por Glória Perez, não há quem resista ao charme do confuso capitão do Exército, nem mesmo a antes gélida Lívia Marine (Cláudia Raia), que confessou estar apaixonada por ele. No capítulo desta quinta, a “grande vilã do horário” parecia até a Ester (Grazi Massafera) de Flor do Caribe (Globo, 18h): sorridente, etérea e ingênua. E, pior, fantasiando um namorico, como se não fosse a bandida internacional de outrora.

O mocinho se aproximou de Lívia para colher informações sobre a suposta morte de Morena (Nanda Costa), por isso foi parar nos lençóis dela com notável desenvoltura. Nem pesou na consciência que, aqui no Rio e aturando a mãe dele, está sua atual namorada Érica (Flávia Alessandra), traída mais uma vez.

E esse homem tem consciência ou coerência? O capitão que nos desculpe, mas é preciso lembrar que ele já andou beijando a a melhor amiga de Érica, Márcia (Fernanda Paes Leme), e uma ou outra figurante na balada, quando foi espairecer depois de um dos rompimentos com Morena. Os affaires parecem cair nos braços do herói, que não se faz de rogado – fazer o quê se dona Áurea (Suzana Faini) passou açúcar nele?

Já Morena, que surgiu como uma heroína pouco comum entre intempestiva, combativa e independente, segue o caminho tradicional da mocinha romântica: no Alemão, em Istambul ou na Capadócia, ela é fiel ao seu homem, até mesmo quando não tem escolha. Chama atenção, principalmente, que ela tenha sido traficada e presa num bordel mas que, pelo menos em cena, não tenha feito nenhum programa – Jéssica (Carolina Dieckmann), talvez por não ser a protagonista, chegou a ser estuprada por Russo (Adriano Garib). “Não sei como contar para o Théo”, disse Morena outro dia, temendo a reação dele quando souber o que houve. E o que ela dirá quando souber, então, que ele andou seduzindo Lívia?

Fora os perigos da prostituição, a heroína passou a novela toda tendo Théo como única opção. Mustafá (Antonio Calloni) – ele sim digno de ser o “esse cara sou eu” – comprou seu passe por caridade, mas não lhe encostou a mão. E Demir (Tiago Abravael) não serviu como candidato a paquera: se não fosse casado, estaria mais para amigo gay da protagonista.

Não que a modernidade resida na quantidade de parceiros. Mas a castidade de Morena, com o objetivo de preservar o amor romântico na trama, faz dela uma típica sofredora folhetinesca – papel ultrapassado que mulheres reais também adoram desempenhar, daí o eco justificável na ficção. E, nesse contexto, Théo assume o perfil de cafajeste, cada vez mais distante da música de Roberto Carlos.

Veja

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