quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Rio registra temperaturas mais elevadas do país

O calor que lotou as praias e dominou a conversa dos cariocas no início deste ano não deve dar trégua até o fim do verão. A média das temperaturas máximas de janeiro pode chegar a 35 graus Celsius — dois a mais do que a média histórica. Apesar da enxurrada em Xerém, as chuvas típicas da estação, que costumam baixar os termômetros, ainda são raras, mas suas aparições aumentariam na segunda quinzena do mês, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Climatempo.

Profissionais que analisam tempo e clima, porém, evitam atribuir os termômetros elevados às mudanças climáticas ou ao aquecimento global, embora a tendência seja de que as próximas décadas serão cada vez mais quentes — e não apenas no verão

O instituto mantém 771 estações meteorológicas espalhadas pelo país. Às 10h de ontem, três das cinco que registraram maior temperatura eram em municípios fluminenses — Macaé (32,4ºC, a campeã do ranking); Marambaia, na Zona Oeste carioca (32,1ºC); e Campos dos Goytacazes (31,6ºC). O Rio, ontem, foi a capital mais quente do Brasil, com máxima de 36,2ºC.

Na terça-feira, dia mais quente do ano até agora, as estações fluminenses dominaram a lista de valores extremos tanto de manhã quanto à tarde.

— Ainda está muito abafado, embora o céu não esteja tão limpo como no início da semana — avalia Marlene Leal, meteorologista do Inmet-Rio. — A temperatura deve se manter alta até o fim de fevereiro. E não podemos dizer que já chegamos ao auge do verão, porque ele acabou de começar.

As temperaturas parecem especialmente elevadas se comparadas às do verão passado, quando os cariocas queixavam-se do tempo nublado. A La Niña, aliada a outro fenômeno climático, as Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), deixaram uma massa de nuvens enormes e imóveis sobre boa parte do Brasil, baixando os termômetros. Este ano, as águas do Pacífico estão com temperatura normal — não há, portanto, El Niño. O Atlântico, porém, chama atenção dos meteorologistas.

O oceano que banha o litoral brasileiro está mais quente em dois trechos — próximo ao Sul e ao Nordeste do país. Por isso, a primeira região não recebe massas polares que, normalmente, levam frente fria até a costa do Espírito Santo. A estiagem nordestina,é atribuída a outro fenômeno.

— Temos uma faixa do Atlântico Norte, próxima ao Caribe, em que as águas estão mais quentes do normal — explica Luiz Cavalcanti, meteorologista-chefe do Centro de Análise e Previsão do Inmet. — Forma-se uma convergência intertropical que não permite a passagem de correntes para o Sul do oceano.

No fim do ano passado, os institutos meteorológicos brasileiros reuniram-se para estabelecer o prognóstico climático do verão. Um destaque do estudo é, justamente, a baixa pluviosidade no Nordeste. Há 40% de chances de que a ocorrência de chuvas em boa parte da região seja abaixo do normal.

O Centro-Sul, por sua vez, divide opiniões. Segundo o relatório, há uma chance significativa (45%) de que os estados locais tenham mais precipitações do que o normal. Mas a seca nas primeiras semanas da estação pode ter mudado as estimativas.

Previsão de chuvas divide cientistas
— Chegaremos ao fim de janeiro com chuvas abaixo da média em boa parte do país — alerta Marcelo Pinheiro, meteorologista do Climatempo. — O déficit de pluviosidade pode se esticar até o mês seguinte, para em março finalmente atingir o nível esperado. Mas precisa chover o quanto antes, porque o verão é a estação responsável por encher as represas. O outono tradicionalmente é mais seco. Sem precipitações, chegaremos ao segundo semestre com estoque de água nas represas abaixo do recomendado.

Pinheiro ressalta, no entanto, que as chuvas de verão não abandonaram o Centro-Sul do país. Mas elas serão rápidas e pontuais — ou seja, em uma mesma cidade pode haver tempestades em um bairro e nada acontecer em outro; e as pancadas não serão o suficiente para atender as hidrelétricas.

— As chuvas que vinham com as ZCAS, tão presentes no início do verão carioca de 2012, aumentavam o volume das cabeceiras dos rios — lembra Pinheiro. — Desta vez, não haverá um fenômeno tão intenso. Neste fim de semana, teremos pancadas de chuvas no Centro-Sul, especialmente em São Paulo, no Sul Fluminense e no Triângulo Mineiro.

Cavalcanti, do Inmet, é mais otimista em relação ao fim da estiagem.

— As chuvas podem se tornar quase diárias ainda agora, no início do verão — acredita. — Creio que devem se estabelecer a curto prazo, já a partir de janeiro, e serão maior fortes no Sudeste e no Centro-Oeste.

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